O opositor russo Vladimir Kara-Murza, condenado a 25 anos de prisão por "alta traição" e por espalhar "informações falsas" sobre o exército da Rússia, está a ser alvo da "tortura psicológica" na prisão onde se encontra detido.
Segundo revelou a sua mulher, Evgenia Kara-Murza, à agência de notícias Reuters, o político está impedido de falar com os três filhos - de 11, 14 e 17 anos - que agora vivem nos Estados Unidos.
"Vladimir tem muitas saudades dos filhos, da família, e está devastado por não poder falar connosco há mais de um ano", disse Evgenia Kara-Murza, na quarta-feira, à margem de uma cimeira de Direitos Humanos, em Genebra. "E as autoridades sabem disso. Estão a usar isso como uma tortura psicológica contra ele".
Apesar de não falarem com o pai, os filhos têm consciência do seu papel na oposição russa e viram-no em coma duas vezes após ter sido envenenado em 2015 e 2017.
"O pai deles foi envenenado pela primeira vez quando a mais velha tinha nove anos", sublinhou a mulher. "Ela tem agora 17 anos. Passou metade da sua vida a saber que o pai estava a ser alvo de ataques repetidos."
Kara-Murza foi detido em abril de 2022, após ter afirmado que a Rússia estava a ser governada por um "regime de assassinos". O opositor russo viria a ser acusado de "alta traição" e de "desacreditar as forças armadas russas" por divulgar "informações conscientemente falsas" sobre o exército e a chamada "operação militar especial" na Ucrânia.
Um ano depois, no mês passado, o opositor foi condenado a uma pena cumulativa de 25 anos numa colónia penal, que implica condições de prisão mais rígidas.
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