No início de maio, as autoridades do Bangladesh, em conjunto com as autoridades do Myanmar levaram um grupo de 20 refugiados rohingya ao estado de Rakhine, no Myanmar, para visitarem campos de reassentamento, construídos como parte dos esforços para repatriar cerca de 1.100 pessoas.
"As autoridades do Bangladesh não devem esquecer as razões pelas quais os rohingya se tornaram refugiados e reconhecer que nenhum destes fatores mudou", disse Shayna Bauchner, investigadora para a Ásia da organização de defesa de direitos humanos.
"O Bangladesh está frustrado com o fardo de ser país anfitrião, mas enviar refugiados de volta para o controlo de uma implacável junta [militar] como a de Myanmar apenas preparará o terreno para o próximo êxodo, que será devastador", previu.
Cerca de 600.000 rohingya ainda permanecem no estado de Rakhine, confinados em acampamentos que os deixam vulneráveis a clima extremo, agravado pelas restrições severas impostas por Myanmar à ajuda humanitária.
As autoridades de Myanmar mantiveram 140.000 rohingya de forma arbitrária em campos durante mais de dez anos, e as medidas recentes parecem destinadas a tornar a segregação permanente.
As condições em Rakhine não favorecem o retorno voluntário, quando mais de 730.000 pessoas fugiram das forças militares do Myanmar acusando-as de "atos de genocídio e crimes contra a humanidade".
Os refugiados sempre disseram à HRW que desejam voltar para casa, mas apenas quando a segurança, acesso a terra e meios de subsistência, liberdade de movimento e direitos cívicos estiverem garantidos.
A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) disse num comunicado recente que "as visitas são uma parte importante para o regresso voluntário de refugiados, proporcionando uma oportunidade para as pessoas observarem as condições do seu país de origem em primeira mão antes do regresso e contribuindo para a tomada de uma decisão informada".
A agência informou que não está envolvida nas discussões para a repatriação, ao contrário do que Myanmar afirmou, e que as condições em Rakhine "não são favoráveis ao regresso sustentável dos refugiados rohingya".
A HRW disse que "os abusos sistemáticos contra os rohingya equivalem a crimes contra a humanidade como o 'apartheid', e constituem perseguição e privação de liberdade".
Leia Também: Human Rights Watch pede fim imediato da repressão arbitrária em Cabinda