O presidente do Brasil, Lula da Silva, afirmou, na noite de domingo, que não se encontrou com o seu homólogo ucraniano, à margem da cimeira do G7, no Japão, porque Zelensky se "atrasou".
As declarações de Lula surgem após o chefe de Estado ucraniano ter dito que não se encontrou com o presidente brasileiro porque "não houve diligências" por parte de Lula da Silva.
"O facto é muito simples, tinha uma [reunião] bilateral com a Ucrânia. Nós esperamos e recebemos a informação de que se tinham atrasado", começou por referir Lula aos jornalistas, citado pela imprensa brasileira.
"Enquanto isso, recebi o presidente do Vietname. Quando foi embora, a Ucrânia não apareceu. Certamente teve outro compromisso e não pôde vir. Foi simplesmente isso que aconteceu", sublinhou.
O presidente brasileiro desvalorizou o facto de não ter-se reunido com Zelensky e afirmou que ambos ouviram "atentamente" o discurso um do outro. "Ouvi atentamente o discurso de Zelensky. Certamente ouviu o meu discurso atentamente. E continuo com a mesma posição que tinha antes", justificou.
Lula da Silva esteve no centro de uma polémica no passado mês de abril, após ter defendido, durante uma visita à China, que os Estados Unidos devem parar de "encorajar a guerra" na Ucrânia e a União Europeia deve "começar a falar de paz".
"Acima de tudo, temos de convencer os países que fornecem armas, que encorajam a guerra, a parar", declarou ainda Lula da Silva, durante uma visita aos Estados Árabes Unidos, depois de ter estado na China.
Apesar de ter condenado a "violação territorial da Ucrânia", Lula voltou, no domingo, a afirmar que nem o presidente ucraniano, nem o presidente russo, Vladimir Putin, "estão a falar de paz agora".
"Sinto que nem o Putin nem o Zelensky estão falando em paz agora. Parece que os dois estão convencidos que alguém vai ganhar. Mas somente a paz vai fazer com que não morram mais pessoas", referiu na rede social Twitter.
"Brasil, China, Índia e Indonésia são alguns países empenhados em construir a paz. Todos nós condenamos a ocupação territorial da Ucrânia, os russos não tinham o direito de fazer isso. Mas isso irá até quando?", acrescentou.
Sinto que nem o Putin nem o Zelensky estão falando em paz agora. Parece que os dois estão convencidos que alguém vai ganhar. Mas somente a paz vai fazer com que não morram mais pessoas. Brasil, China, Índia e Indonésia são alguns países empenhados em construir a paz. Todos nós…
— Lula (@LulaOficial) May 21, 2023
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que mais de oito mil civis morreram e cerca de 15 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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