Guiné-Conacri. Jornalistas boicotam cobertura de atividades junta militar

As associações de imprensa guineenses anunciaram hoje que vão boicotar todas as atividades da junta militar no poder até que esta levante as restrições à divulgação da informação, nomeadamente a limitação do acesso à Internet.

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Lusa
22/05/2023 21:16 ‧ 22/05/2023 por Lusa

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As organizações que representam as televisões, rádios, jornais e portais privados na Internet também declararam o porta-voz do Governo e ministro das Telecomunicações, Ousmane Gaoual Diallo, como "inimigo da imprensa guineense".

Em comunicado, anunciaram um "dia sem imprensa na terça-feira" e uma marcha de protesto em 01 de junho.

As mesmas associações denunciaram na passada quinta-feira a apreensão dos transmissores de duas estações de rádio pertencentes ao grupo de imprensa Afric Vision, a restrição ou bloqueio do acesso a populares portais de notícias e redes sociais, e os comentários do porta-voz do governo de que as autoridades iriam encerrar todos os meios de comunicação social que contribuíssem para "minar a unidade nacional" ou "incitar os guineenses uns contra os outros".

Ousmane Gaoual Diallo negou, no entanto, qualquer envolvimento das autoridades nos distúrbios na Internet e na operação contra a Afric Vision.

Estas ações coincidem com uma convocação de manifestações por parte da oposição.

Os internautas guineenses queixam-se desde o passado dia 17 da dificuldade ou impossibilidade de aceder a portais de notícias ou a redes sociais como o Facebook, WhatsApp, Instagram ou TikTok sem uma VPN.

As restrições foram confirmadas pelo serviço de monitorização da Internet NetBlocks.

A Guiné-Conacri é governada desde 2021 por uma junta militar liderada pelo coronel Doumbouya.

Os militares concordaram, sob pressão internacional, em entregar o poder a civis eleitos até ao final de 2024, enquanto procedem a reformas de grande alcance.

A junta militar deteve uma série de líderes da oposição e iniciou processos judiciais contra outros.

Paralelamente, proibiu em 2022 todo o tipo de manifestações.

A oposição denuncia a gestão autoritária e exclusiva do país por parte da junta e apela à rápida devolução do poder aos civis.

Leia Também: Guiné-Conacri. Chefe da junta diz que Ruanda é "modelo" para se inspirar

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