As organizações que representam as televisões, rádios, jornais e portais privados na Internet também declararam o porta-voz do Governo e ministro das Telecomunicações, Ousmane Gaoual Diallo, como "inimigo da imprensa guineense".
Em comunicado, anunciaram um "dia sem imprensa na terça-feira" e uma marcha de protesto em 01 de junho.
As mesmas associações denunciaram na passada quinta-feira a apreensão dos transmissores de duas estações de rádio pertencentes ao grupo de imprensa Afric Vision, a restrição ou bloqueio do acesso a populares portais de notícias e redes sociais, e os comentários do porta-voz do governo de que as autoridades iriam encerrar todos os meios de comunicação social que contribuíssem para "minar a unidade nacional" ou "incitar os guineenses uns contra os outros".
Ousmane Gaoual Diallo negou, no entanto, qualquer envolvimento das autoridades nos distúrbios na Internet e na operação contra a Afric Vision.
Estas ações coincidem com uma convocação de manifestações por parte da oposição.
Os internautas guineenses queixam-se desde o passado dia 17 da dificuldade ou impossibilidade de aceder a portais de notícias ou a redes sociais como o Facebook, WhatsApp, Instagram ou TikTok sem uma VPN.
As restrições foram confirmadas pelo serviço de monitorização da Internet NetBlocks.
A Guiné-Conacri é governada desde 2021 por uma junta militar liderada pelo coronel Doumbouya.
Os militares concordaram, sob pressão internacional, em entregar o poder a civis eleitos até ao final de 2024, enquanto procedem a reformas de grande alcance.
A junta militar deteve uma série de líderes da oposição e iniciou processos judiciais contra outros.
Paralelamente, proibiu em 2022 todo o tipo de manifestações.
A oposição denuncia a gestão autoritária e exclusiva do país por parte da junta e apela à rápida devolução do poder aos civis.
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