Em declarações aos jornalistas, o presidente do Partido Cívico, Alan Leong, referiu que não foram apresentadas candidaturas aos cargos executivos da estrutura e que 30 dos 31 membros votaram pela dissolução, enquanto uma pessoa absteve-se.
Fundado em 2006, o partido foi, sobretudo, composto por profissionais liberais, advogados e académicos, e afirmou-se como o segundo maior partido pró-democracia, depois do Partido Democrata.
Numa declaração escrita, também hoje divulgada, Alan Leong agradeceu a "todas as pessoas com ideias semelhantes" que se juntaram à "longa caminhada" pela democracia.
"Hoje o Partido Cívico despede-se de Hong Kong [...]. Esperamos que o povo de Hong Kong viva este momento com o coração esperançoso e não muito pesado. Viva a verdade e acredite no amanhã", sublinhou.
Vários militantes do partido foram acusados de subversão face à lei de segurança nacional, imposta por Pequim após os protestos de 2019 por liberdades políticas, prometidas a Hong Kong desde 1997, quando deixou de ser um território britânico.
Em causa está a alegada participação em eleições primárias não oficiais, destinadas a escolher os melhores candidatos para as legislativas, que permitiram ao campo pró-democracia ganhar vários lugares.
Para as autoridades, estas eleições primárias tinham apenas como objetivo subverter o Governo.
Desde 2020, quando entrou em vigor a lei de segurança nacional chinesa, que se aplica igualmente a Macau, vários ativistas e políticos foram acusados dos crimes de sucessão, subversão ou conspiração.
Outras organizações políticas pró-democráticas de Hong Kong, como a Frente Civil dos Direitos Humanos e a Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Democráticos Patrióticos da China também já tinham anunciado a sua dissolução.
Na sexta-feira, o líder do Governo de Macau, do outro lado da baía, considerou que é preciso alterar as leis eleitorais, nomeadamente para apertar os critérios para os candidatos, dois anos depois da exclusão de candidaturas associadas ao campo pró-democracia.
Ho Iat Seng disse ser "obviamente necessária uma revisão" das leis eleitorais antes da eleição do próximo chefe do Executivo do território chinês, em 2024, e da nova Assembleia Legislativa (AL), em 2025.
Em 09 de julho de 2021, a comissão que gere as eleições para a AL excluiu cinco listas e 21 candidatos, 15 dos quais pró-democracia, por "não defenderem a Lei Básica da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau]" e não serem "fiéis à RAEM".
A decisão afastou o campo pró-democracia, que detinha quatro lugares na AL, deixando o parlamento com apenas duas vozes mais críticas do governo, incluindo o português José Pereira Coutinho.
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