Meteorologia

  • 15 NOVEMBER 2024
Tempo
17º
MIN 13º MÁX 19º

Quase 70% da população da Síria precisa de ajuda humanitária

Pela primeira vez em 12 anos de guerra na Síria, todos os distritos do país estão a passar por algum grau de "stress humanitário" e quase 70% da população síria precisa de ajuda humanitária, alertou hoje a ONU.

Quase 70% da população da Síria precisa de ajuda humanitária
Notícias ao Minuto

21:09 - 30/05/23 por Lusa

Mundo ONU

Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre os caminhos políticos e humanitários na Síria, Ghada Eltahir Mudawi, vice-diretora da Divisão de Operações e Advocacia do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), afirmou que a crise na Síria deve continuar a ser uma prioridade global, com a maioria da população síria a enfrentar desafios diários de alimentação, saúde, higiene e abrigo.

"Impressionantes 15,3 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária em todo o país, representando quase 70% da população da Síria. Cerca de 12 milhões de pessoas -- mais de 50% da população -- estão atualmente em situação de insegurança alimentar e outros 2,9 milhões correm o risco de enfrentar situações de fome", disse Mudawi.

Além disso, dados recentes mostram que a desnutrição está a aumentar, com taxas de atraso no crescimento e desnutrição materna a atingir níveis nunca antes vistos.

"Pela primeira vez na história da crise, as pessoas em todos os subdistritos da Síria estão a enfrentar algum grau de stress humanitário", alertou a vice-diretora.

Os graves terramotos que assolaram a região em fevereiro passado agravaram essa já desoladora situação humanitária e, quase quatro meses volvidos, mais de 330.000 pessoas continuam deslocadas e milhares perderam o acesso a serviços básicos e meios de subsistência.

"Com a crise da água em curso, o risco de cólera e outras doenças transmitidas pela água espreita à medida que a estação quente se aproxima", disse ainda a representante do OCHA.

No entanto, apesar das necessidades, a ONU tem testemunhado uma "diminuição perigosa" dos recursos para a resposta humanitária.

O Plano de Resposta Humanitária revisto de 2023 requer 5,4 mil milhões de dólares (cerca de cinco mil milhões de euros) para ajudar 14,2 milhões de pessoas em toda a Síria. Cinco meses após o início do ano, este plano está financiado em menos de 10%, disse Ghada Eltahir Mudawi.

"Apelo a uma maior solidariedade e a um aumento urgente do financiamento humanitário para salvar vidas e evitar mais sofrimento. Os sírios precisam do apoio da comunidade internacional agora mais do que em qualquer outro momento nos últimos 12 anos", frisou a vice-diretora.

Mudawi saudou ainda a decisão do Governo da Síria de prorrogar, até 13 de agosto, as medidas de emergência implementadas desde os sismos para facilitar a entrega de assistência humanitária, incluindo o acesso através da fronteira de Al-Rai e Bab al-Salam, travessias que têm sido um "complemento vital" para a massiva operação de assistência transfronteiriça.

Também o enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, participou na reunião do Conselho de Segurança, onde referiu que no último mês viu desenvolvimentos significativos no país, nomeadamente no campo diplomático, mas sublinhou ser "vital que os recentes movimentos diplomáticos sejam acompanhados de ações reais".

"O povo sírio também não viu sinais renovados de que o processo político intra-sírio realmente será retomado e começará a avançar. Apenas se se evoluir na construção de confiança no terreno e num processo político genuíno, poderemos dizer que a oportunidade atual foi aproveitada", avaliou Pedersen.

De acordo com o enviado especial, "se o Governo sírio começar a abordar de maneira mais sistemática as preocupações de proteção dos deslocados, trabalhar em estreita colaboração com a ONU, e se os doadores ajudarem a ONU a atender as preocupações de todos os sírios", a realidade no terreno pode mudar para toda a população local, trazendo um ambiente mais seguro e calmo para todo o país.

Na reunião, a embaixadora norte-americana junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, aproveitou para tecer críticas ao regime de Bashar al-Assad, a quem acusou de "tentar cinicamente aproveitar o apoio internacional após os sismos para recuperar o seu lugar no cenário mundial".

"Se o regime de Assad quiser ajudar o povo sírio, deve agir imediatamente e anunciar que manterá as passagens de Bab al-Salaam e Al-Rai abertas pelo menos até agosto de 2024, ou enquanto for necessário", disse.

Tendo em conta os problemas com as passagens fronteiriças, a diplomata anunciou que os Estados Unidos trabalharão para obter uma autorização de 12 meses para todos os pontos de passagem de fronteira -- Bab al-Hawa, Bab al-Salaam e Al-Rai -- através de uma resolução do Conselho de Segurança em julho.

"Encorajamos todos os membros do Conselho a apoiar esta resolução, que proporcionará confiança, previsibilidade e o apoio desesperadamente necessário aos trabalhadores humanitários, à ONU e ao povo sírio", exortou.

Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.

Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 490 mil mortos e milhões de deslocados e refugiados.

Leia Também: Reeleição de Erdogan gera inquietação nas zonas curdas da Síria

Recomendados para si

;
Campo obrigatório