O influencer britânico Andrew Tate, suspeito de crime organizado, violação, exploração e tráfico de seres humanos, negou todas as acusações em entrevista à BBC e acusou, inclusive, a estação britânica de ter "fabricado" uma testemunha-chave para o caso.
Naquela que foi a sua primeira entrevista desde que foi detido na Roménia, em dezembro de 2022, o misógino assumido, de 36 anos, foi confrontado com uma série de alegações, incluindo manipulação emocional de mulheres. No entanto, Tate considerou ser uma "força para o bem" e estar a "agir sob a instrução de Deus para fazer coisas boas".
"Sou, de facto, uma força para o bem no mundo. Talvez ainda não o compreenda, mas acabará por o compreender. E acredito sinceramente que estou a agir sob as instruções de Deus para fazer coisas boas e quero tornar o mundo um lugar melhor", disse à entrevistadora, Lucy Williamson.
Após ter sido acusado por várias organizações de influenciar o comportamento de jovens face às mulheres, Andrew Tate descreveu as acusações como "um absoluto lixo" e defendeu ser "completamente falso" de que estava a prejudicar os jovens.
"Proclamo trabalho árduo, disciplina. Sou um atleta, eu proclamo antidrogas, proclamo religião, não proclamo álcool, não proclamo o crime. Cada problema com a sociedade moderna sou contra", defendeu.
Confrontado com uma testemunha do caso, 'Sophie', que foi entrevistada de forma anónima pela BBC no início do ano e está a trabalhar com a justiça romena, Andrew Tate considerou que é uma personagem "imaginária", que foi "inventada" pela BBC.
"Estou a fazer-vos o favor, enquanto legado mediático, de vos dar relevância, ao falar convosco. E digo-vos agora que esta Sophie, que a BBC inventou, não tem rosto. Ninguém sabe quem ela é. Eu sei", disse durante a entrevista.
Segundo um testemunho dado pela própria à BBC Radio 4, 'Sophie' foi com Andrew Tate para a Roménia e acreditava que ele estava apaixonado por ela. Já no país no leste da Europa, foi obrigada a trabalhar na sua "empresa de webcam" e a tatuar o nome de Tate no corpo.
A entrevista, que durou cerca de 40 minutos, subiu de tom quando Andrew Tate acusou a jornalista, Lucy Williamson, de "dizer coisas tolas" e a instar a "fazer alguma pesquisa".
Já nas redes sociais, Tate acusou a BBC de mentir, mas afirmou que "não guarda ressentimentos contra a BBC ou qualquer jornalista que tente mentir" sobre ele.
I harbour no hard feelings against the BBC or any journalist who attempts to lie about me.
— Andrew Tate (@Cobratate) June 1, 2023
The truth of my message is known and good will continue to spread.
Tolerance and love for all.
“If you had mercy on the sheep, then Allah will have mercy on you twice”
A BBC garantiu que Andrew Tate fez a entrevista de livre vontade e recebeu os "tópicos de discussão antes da entrevista por uma questão de cortesia". No entanto, frisou que, de acordo com "diretrizes editoriais", as questões não foram "acordadas antecipadamente".
Andrew e o irmão, Tristan Tate, são suspeitos de crime organizado, violação e tráfico de seres humanos, em vários países. Até à data foram identificadas seis alegadas vítimas.
Os suspeitos enganariam as vítimas fingindo terem sentimentos por elas. Depois eram sequestradas e alegadamente forçadas, através de violência, a prostituírem-se e a participarem em filmes pornográficos.
Ambos foram detidos em dezembro de 2022 e Andrew Tate foi libertado em março passado e colocado em prisão domiciliária.
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