"A CEDEAO condena veementemente a violência dirigida contra as forças de segurança, a propriedade pública, a propriedade privada e a perturbação da ordem pública", declarou a organização num comunicado emitido a partir da sua sede na capital nigeriana, Abuja.
"Lamenta a perda de vidas e apela à contenção e à resolução dos diferendos por meios pacíficos", acrescentou.
A CEDEAO afirmou que estava a acompanhar de perto a evolução da situação no Senegal e apelou "a todos para que defendam a reputação louvável do país como um bastião de paz e estabilidade".
Em Dacar e noutras cidades, os manifestantes barricaram-se com pneus e veículos em chamas, incendiaram veículos privados e da polícia e atiraram pedras contra as forças da ordem.
Também saquearam lojas, como as das empresas francesas Orange e Auchan, bem como estações de serviço e edifícios públicos, incluindo a companhia estatal de eletricidade e instalações do comboio expresso regional (TER).
Em resposta, as forças de segurança utilizaram gás lacrimogéneo para tentar controlar a situação.
O ministro do Interior senegalês, Antoine Félix Abdoulaye Diome, declarou na madrugada de hoje que nove pessoas tinham sido mortas durante as manifestações.
Confirmou também que o Estado senegalês tinha decidido suspender temporariamente a utilização de certas aplicações digitais (como o Facebook, o Twitter ou o WhatsApp) por estarem a ser utilizadas para fazer "apelos à violência e ao ódio".
Os protestos, que continuaram hoje, começaram quinta-feira na maioria dos bairros de Dacar e nas principais cidades do país, após o anúncio de uma condenação a dois anos de prisão por corrupção de menores contra o líder da oposição Ousmane Sonko.
Sonko foi julgado a 23 de maio, depois de ter sido acusado no início de 2021 por uma jovem massagista, Adji Sarr, de "violações repetidas" e "ameaças de morte", acusações de que foi absolvido pelo tribunal.
Sonko e a sua comitiva denunciaram a "instrumentalização" da justiça por Macky Sall (presidente do país desde 2012 e reeleito em 2019) para o impedir de concorrer às eleições presidenciais previstas para fevereiro de 2024.
Conhecido pelo seu discurso "antissistema", o líder da oposição critica a má governação, a corrupção e o neocolonialismo francês, encontrando muitos seguidores entre a juventude senegalesa.
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