"A sua chamada ordem internacional baseada em regras nunca diz quais são as regras e quem fez essas regras", afirmou Li Shangfu, num discurso no Diálogo de Shangri-La, conferência organizada pelo International Institute for Strategic Studies (IISS).
"Pratica o excecionalismo e dois pesos e duas medidas e só serve os interesses e segue as regras de um pequeno número de países", afirmou na sessão inaugural do terceiro dia do encontro, considerada a maior conferência de defesa da Ásia.
Na sua intervenção, Li referiu-se à Iniciativa de Segurança Global, do Governo chinês, e ecoou os princípios e orientações da política externa da China, apresentadas em abril do ano passado pelo presidente do país, Xi Jinping.
Entre essas orientações, incluem-se a oposição a sanções unilaterais e o recurso ao desenvolvimento económico para conter a instabilidade e os conflitos.
Li mostrou-se particularmente crítico do que considera ser a postura unilateral dos Estados Unidos imporem sanções sem antes obter a aprovação das Nações Unidas, afirmando que Pequim considera que "a chave para os países viverem em harmonia é o respeito mútuo e o tratamento mútuo como iguais".
"Opomo-nos veementemente a impor a própria vontade aos outros, a colocar os seus próprios interesses acima dos de outros e a procurar a própria segurança à custa dos outros", considerou, acusando países que nunca identificou de "interferirem deliberadamente nos assuntos internos de outros países".
Em resposta a perguntas do público, formado por delegados de dezenas de países, Li mostrou-se mais moderado quando questionado sobre os laços bilaterais diretos entre os Estados Unidos e a China.
"É inegável que um grave conflito ou confronto entre a China e os EUA seria um desastre insuportável para o mundo. A China acredita que uma grande potência se deve comportar como uma só, em vez de provocar o confronto do bloco por interesse próprio", afirmou.
E, ao mesmo tempo, considerou que os Estados Unidos precisam de mostrar sinceridade e "tomar medidas concretas" com a China para estabilizar e evitar um agravamento ainda maior dos laços.
Li foi ainda questionado sobre um incidente no sábado no Estreito de Taiwan, em que um navio da marinha chinesa manobrava perto de um contratorpedeiro dos EUA que navegava na zona.
"O que é fundamental agora é que devemos impedir tentativas de usar a liberdade de navegação (...) como pretexto para exercer a hegemonia da navegação", afirmou.
O chefe militar chinês reafirmou a postura sobre Taiwan, dizendo que a ilha faz parte do "núcleo dos interesses centrais da China", e continua a ser uma questão interna para a China, fora dos limites para governos estrangeiros.
"Taiwan é a Taiwan da China, e como resolver a questão de Taiwan é uma questão que cabe aos chineses decidir", afirmou.
Noutras respostas ao público, Li defendeu o impulso da China para negociações, para ajudar a acabar com a guerra na Ucrânia, definindo a posição de Pequim como "objetiva e imparcial".
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