Guterres aponta destruição de barragem como "consequência devastadora"

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, considerou hoje que a destruição da barragem ucraniana de Nova Kakhovka é uma "monumental catástrofe humanitária, económica e ecológica" e "outra consequência devastadora da invasão russa" da Ucrânia.

Notícia

© TCHANDROU NITANGA/AFP via Getty Images

Lusa
06/06/2023 17:04 ‧ 06/06/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

Em declarações à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres indicou que as Nações Unidas não têm acesso a informações independentes sobre as circunstâncias que levaram à destruição da barragem, mas afirmou que as consequências estão a ser sentidas em dezenas de cidades.

"Uma coisa é certa: esta é outra consequência devastadora da invasão russa da Ucrânia. Estamos a ver os efeitos na cidade de Kherson, na cidade de Nova Kakhovka e em 80 outras localidades ao longo do rio Dnipro", disse.

"Grandes inundações. Evacuações em grande escala. Devastação ambiental. Destruição de culturas recém-plantadas. E acrescentou ameaças à altamente ameaçada central nuclear de Zaporijia, a maior instalação nuclear da Europa", descreveu o líder da ONU.

De acordo com o ex-primeiro-ministro português, pelo menos 16.000 pessoas já perderam as suas casas na sequência da destruição da barragem, além do abastecimento de água potável e segura para a população estar em risco para milhares de pessoas.

As Nações Unidas e parceiros humanitários, indicou Guterres, estão a apressar a entrega de apoio em coordenação com o Governo da Ucrânia, incluindo água potável e produtos de purificação de água.

"Continuaremos o nosso trabalho humanitário e os nossos apelos por acesso humanitário seguro e urgente. A tragédia de hoje é mais um exemplo do terrível preço da guerra para as pessoas. As comportas do sofrimento estão a transbordar há mais de um ano. Isso deve parar", exortou.

"Ataques contra civis e infraestrutura civil crítica devem parar. Devemos agir para garantir a responsabilidade e o respeito ao direito humanitário internacional. Acima de tudo, apelo a uma paz justa em conformidade com a Carta da ONU, o direito internacional e as resoluções da Assembleia-Geral", concluiu o secretário-geral.

A barragem de Kakhovka, que Kiev e Moscovo se acusaram mutuamente de atacar hoje, é uma estrutura fundamental no sul da Ucrânia que fornece água à Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014.

Considerada no início da invasão como um alvo prioritário para os russos, esta barragem hidroelétrica no rio Dnipro está agora na linha da frente entre as regiões controladas por Moscovo e o resto da Ucrânia.

Kiev pediu uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a destruição parcial da barragem.

A guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a pior crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Desconhece-se o número de baixas civis e militares no conflito, mas diversas fontes, incluindo as Nações Unidas, têm admitido que será muito elevado.

A Ucrânia tem contado com o apoio dos aliados ocidentais no fornecimento de armamento, aliados esses que também impuseram sanções contra os interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra no território ucraniano.

Leia Também: Ucrânia. Ministro da Defesa russo admite morte de pelo menos 71 militares

Partilhe a notícia


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas