"Espalharam os nossos produtos que estavam nas bancas, ao mesmo tempo que nos insultavam dizendo que temos que regressar para os nossos países", relatou Artur Chissano, emigrante, à Rádio Moçambique.
As incursões aconteceram no domingo e na segunda-feira por membros da Operação Dudula, um movimento de cidadãos sul-africanos de esquerda radical que advoga a expulsão de imigrantes ilegais e indocumentados no país, associando-os à falta de oportunidades de emprego.
Dudula significa "puxar para trás" na língua sul-africana zulu.
Vários emigrantes moçambicanos dizem estar a acumular prejuízos.
Segundo relatam, os agressores surgem sempre que as patrulhas da polícia se ausentam e, além dos prejuízos, fazem ameaças com a promessa de regressarem nos dias seguintes.
"Prometeram voltar aqui na sexta, sábado e domingo. Quem estiver por perto pode apanhar um tiro", relatou uma vendedora na mesma zona, que pede apoio às autoridades moçambicanas.
A África do Sul, a maior economia da região, acolhe mais de dois milhões de moçambicanos que trabalham em minas, campos agrícolas e comércio informal, no entanto, os ataques xenófobos são frequentes, associados a picos de crise económica.
Além dos ataques, a atuação das autoridades através de campanhas de identificação e expulsão também tem sido alvo de críticas.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos de Moçambique (CNDH) considerou deplorável o tratamento dado a imigrantes ilegais moçambicanos, criticando a "desproporcionalidade" de atuação dos agentes do Estado.
"Nós não questionamos o direito soberano de a África do Sul fazer cumprir as leis migratórias do país, mas exigimos que isso seja feito com a dignidade necessária", declarou há um ano o presidente da CNDH, Luís Bitone.
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