O Ministério dos Negócios Estrangeiros sudanês comunicou oficialmente ao secretário-geral da ONU, António Guterres, a decisão, que entrou em vigor no mesmo dia, sobre o alemão Perthes.
A ONU tinha anunciado anteriormente na rede social Twitter que Perthes estaria na quinta-feira, na capital da Etiópia, Adis Abeba, para uma série de negociações diplomáticas.
O chefe do exército sudanês e governador de facto do país, general Abdel Fattah al-Burhan, tinha exigido a demissão de Perthes, que acusou de ser o responsável pela guerra, iniciada em meados de abril, entre as suas forças e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) do general Mohamed Hamdan Daglo.
Numa carta dirigida à ONU, Al-Burhan acusou Perthes de "ter ocultado" nos relatórios a situação explosiva em Cartum antes do início das hostilidades. Sem "essas mentiras", o general "Daglo não teria lançado as operações militares", argumentou.
Em resposta, António Guterres reafirmou "total confiança" no enviado.
Mas, no início de junho, o Conselho de Segurança prolongou por apenas seis meses a duração da UNITAMS, criada em junho de 2020 para apoiar a transição democrática no Sudão, na sequência da queda de Omar el-Bashir, no ano anterior. Até então, a UNITAMS tinha sido sempre renovada por um ano.
No início de maio, dezenas de pessoas manifestaram-se em frente à residência do enviado da ONU no país para exigir a sua "expulsão imediata".
Nos últimos meses, militantes do exército e de grupos islâmicos sudaneses organizaram ainda várias manifestações contra Perthes, que também foi alvo de ameaças de morte.
Em abril, a ONU manifestou "profunda preocupação" com um vídeo, que circulou nas redes sociais, no qual um homem exigia uma 'fatwa' (decreto religioso islâmico) para matar Perthes.
Já no ano passado Al-Burhan tinha exigido que Perthes deixasse de "interferir nos assuntos internos" do Sudão, ameaçando-o de expulsão do país.
Os confrontos no Sudão, iniciados em 15 de abril e que opõem o exército às RSF, causaram pelo menos 1.800 mortos, de acordo com a organização não-governamental de monitorização de conflitos ACLED.
Devido aos confrontos, mais de 1,3 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as áreas de residência ou a refugiar-se nos países vizinhos.
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