Sudão. Exército e paramilitares afirmam aceitar nova trégua de 24 horas

As partes beligerantes envolvidas nos combates iniciados em 15 de abril no Sudão aceitaram hoje uma nova trégua nos confrontos, resultado da mediação da Arábia Saudita e Estados Unidos.

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Lusa
09/06/2023 19:15 ‧ 09/06/2023 por Lusa

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Sudão

Os confrontos opõem o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) e a trégua, de 24 horas, terá início no sábado às 06:00 locais (05:00 em Lisboa), após a violência ter aumentado esta semana, após o expirar no domingo da anterior pausa, em teoria, dos combates.

"Tendo em conta os aspetos humanitários pelos quais o nosso povo está a passar e como resultado das operações em curso, as forças armadas concordaram com uma trégua de 24 horas que começará sábado", disse o exército num comunicado.

As forças armadas declararam o seu "empenho" no novo cessar-fogo, mas advertiram que responderiam a "quaisquer violações por parte dos paramilitares que possam levar a cabo durante a trégua".

As RSF também anunciaram que aceitaram respeitar o cessar-fogo.

"Esperamos que as milícias golpistas e os extremistas remanescentes do antigo regime respeitem o armistício e não obstruam os esforços de ajuda humanitária para aliviar o sofrimento dos cidadãos", declararam as RSF igualmente num comunicado.

O novo anúncio de tréguas surge depois de vários períodos de cessar-fogo anteriores, que nunca foram respeitados, desde o início do conflito, em 15 de abril, entre o exército, chefiado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as RSF, comandadas pelo general Mohamed Hamdane Daglo.

Segundo o anúncio feito pela Arábia Saudita e Estados Unidos, as partes beligerantes comprometeram-se a cessar a violência durante o período da trégua e a permitir "a chegada de ajuda humanitária a todo o país".

Washington e Riade afirmam que partilham a "frustração" do povo sudanês depois de anteriores tréguas não terem sido respeitadas.

"Se as partes não respeitarem o cessar-fogo de 24 horas, os mediadores terão de considerar o adiamento das conversações de Jeddah", avisaram os mediadores.

Na semana passada, Riade afirmou que estava a trabalhar com os norte-americanos para "continuar as discussões" com vista a alcançar um cessar-fogo "efetivo", depois de as negociações terem sido oficialmente suspensas.

No entanto, segundo a diplomacia saudita, emissários do exército e dos paramilitares continuam em Jeddah.

O anúncio de hoje surge um dia depois de uma visita à Arábia Saudita do chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, que garantiu que Washington e Riade estavam determinados a "continuar a sua sólida cooperação" e a "pôr fim aos combates no Sudão".

Os confrontos no Sudão provocaram já a morte de 850 pessoas e 5.500 feridos, segundo as Nações Unidas, que ressalva que estes números são os fornecidos pelos hospitais que ainda funcionam no Sudão.

De acordo com a organização não-governamental de monitorização de conflitos ACLED, a guerra no Sudão já provocou pelo menos 1.800 mortos.

Devido aos confrontos, mais de 1,3 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas áreas de residência ou a refugiar-se nos países vizinhos.

Leia Também: Sudão. Cessar-fogo de 24h acordado com mediação dos EUA e Arábia Saudita

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