Os confrontos opõem o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) e a trégua, de 24 horas, terá início no sábado às 06:00 locais (05:00 em Lisboa), após a violência ter aumentado esta semana, após o expirar no domingo da anterior pausa, em teoria, dos combates.
"Tendo em conta os aspetos humanitários pelos quais o nosso povo está a passar e como resultado das operações em curso, as forças armadas concordaram com uma trégua de 24 horas que começará sábado", disse o exército num comunicado.
As forças armadas declararam o seu "empenho" no novo cessar-fogo, mas advertiram que responderiam a "quaisquer violações por parte dos paramilitares que possam levar a cabo durante a trégua".
As RSF também anunciaram que aceitaram respeitar o cessar-fogo.
"Esperamos que as milícias golpistas e os extremistas remanescentes do antigo regime respeitem o armistício e não obstruam os esforços de ajuda humanitária para aliviar o sofrimento dos cidadãos", declararam as RSF igualmente num comunicado.
O novo anúncio de tréguas surge depois de vários períodos de cessar-fogo anteriores, que nunca foram respeitados, desde o início do conflito, em 15 de abril, entre o exército, chefiado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as RSF, comandadas pelo general Mohamed Hamdane Daglo.
Segundo o anúncio feito pela Arábia Saudita e Estados Unidos, as partes beligerantes comprometeram-se a cessar a violência durante o período da trégua e a permitir "a chegada de ajuda humanitária a todo o país".
Washington e Riade afirmam que partilham a "frustração" do povo sudanês depois de anteriores tréguas não terem sido respeitadas.
"Se as partes não respeitarem o cessar-fogo de 24 horas, os mediadores terão de considerar o adiamento das conversações de Jeddah", avisaram os mediadores.
Na semana passada, Riade afirmou que estava a trabalhar com os norte-americanos para "continuar as discussões" com vista a alcançar um cessar-fogo "efetivo", depois de as negociações terem sido oficialmente suspensas.
No entanto, segundo a diplomacia saudita, emissários do exército e dos paramilitares continuam em Jeddah.
O anúncio de hoje surge um dia depois de uma visita à Arábia Saudita do chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, que garantiu que Washington e Riade estavam determinados a "continuar a sua sólida cooperação" e a "pôr fim aos combates no Sudão".
Os confrontos no Sudão provocaram já a morte de 850 pessoas e 5.500 feridos, segundo as Nações Unidas, que ressalva que estes números são os fornecidos pelos hospitais que ainda funcionam no Sudão.
De acordo com a organização não-governamental de monitorização de conflitos ACLED, a guerra no Sudão já provocou pelo menos 1.800 mortos.
Devido aos confrontos, mais de 1,3 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas áreas de residência ou a refugiar-se nos países vizinhos.
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