As discussões, realizadas em Mascate, a capital de Omã, "não eram secretas", sublinhou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Nasser Kanani, questionado sobre notícias que davam conta de progressos negociais entre Teerão e Washington.
"Com o objetivo de estimular as conversações sobre o levantamento das sanções" norte-americanas ao Irão, "acolhemos os esforços dos responsáveis de Omã e trocámos mensagens com a outra parte por intermédio desse mediador", explicou o porta-voz do MNE iraniano na sua conferência de imprensa semanal.
"As negociações prosseguem nesses termos", precisou.
Teerão e Washington não mantêm relações diplomáticas desde 1980, na sequência da Revolução Islâmica no Irão.
Nos últimos dias, as duas capitais desmentiram informações divulgadas pela comunicação social segundo as quais estariam perto de concluir um acordo provisório para substituir o acordo de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, moribundo desde que os Estados Unidos, então presididos pelo magnata republicano Donald Trump, dele se retiraram em 2018.
"Não há acordo temporário para substituir o JCPOA (acrónimo do acordo de 2015) e tal coisa não consta da agenda", reagiu na sexta-feira a missão diplomática do Irão junto da ONU, citada pela agência oficial Irna.
A Casa Branca também classificou como "falsa" a informação surgida nos 'media'.
Teerão pretende conseguir o levantamento das sanções impostas desde 2018 pelos Estados Unidos ao país, que afetam duramente a sua economia.
A mediação de Omã incide igualmente sobre uma troca de prisioneiros, para a qual "as negociações prosseguem", reafirmou Kanani.
"Se a outra parte der provas da mesma seriedade que nós, poderemos alcançar um resultado num futuro próximo", acrescentou.
Pelo menos três iraniano-norte-americanos estão presos no Irão, entre os quais o empresário Siamak Namazi, detido em outubro de 2015 e condenado a dez anos de prisão por espionagem.
Por seu lado, o Irão referiu em 2022 a detenção de "dezenas" de cidadãos iranianos nos Estados Unidos, alguns dos quais acusados de terem "contornado as sanções norte-americanas" impostas a Teerão.
Nas últimas semanas, o Irão libertou seis prisioneiros europeus e recuperou um diplomata iraniano condenado por terrorismo e encarcerado na Bélgica.
O porta-voz do MNE iraniano desmentiu também o anúncio feito pela Casa Branca de que o Irão estava a fornecer à Rússia material para "construir uma fábrica de 'drones' (aeronaves não-tripuladas)".
"Rejeitamos qualquer acusação relativa à exportação de armas para a Rússia para utilização na guerra contra a Ucrânia", declarou Kanani.
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