Extrema-direita entra em 2.º governo em Espanha, na Comunidade Valenciana

O partido da extrema-direita espanhol VOX alcançou hoje um acordo com o Partido Popular (PP) para governarem a Comunidade Valenciana, depois de em 2022 ter entrado pela primeira vez num executivo regional em Espanha, em Castela e Leão.

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Lusa
13/06/2023 13:48 ‧ 13/06/2023 por Lusa

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Espanha

O acordo foi anunciado pelo líder do VOX na Comunidade Valenciana, numa conferência de imprensa, e depois confirmado por um comunicado dos dois partidos.

Hoje, os dois partidos anunciaram também um acordo para governarem a câmara municipal de Elche, uma cidade de 234.000 habitantes da Comunidade Valenciana (leste de Espanha), sendo este pacto entre PP e VOX o primeiro que levará a extrema-direita ao executivo de uma das 20 maiores cidades do país.

Estes acordos são feitos tendo em conta os resultados das eleições de 28 de maio em todos os municípios espanhóis e em 12 das 17 regiões autónomas, que o PP venceu na Comunidade Valenciana, embora sem maioria absoluta, e que o partido socialista (PSOE) tinha ganhado em Elche, também sem maioria absoluta.

Segundo o líder do VOX na Comunidade Valenciana, Carlos Flores Juberías, o acordo garante que a extrema-direita presida ao parlamento regional, enquanto o executivo autonómico será liderado por Caros Manzón, do PP.

De acordo com o dirigente, seguir-se-ão agora, após este acordo de princípio, negociações sobre a formação do executivo e as pastas que terá cada partido.

O próprio líder do VOX na Comunidade Valenciana, um professor universitário de Direito Constitucional condenado em 2002 por violência doméstica (violência psíquica, injúrias e vexações à ex-mulher), ficará fora do governo, depois de declarações de dirigentes nacionais do PP que condenavam a possibilidade de o seu nome integrar o executivo.

Segundo Carlos Flores Juberías, foi alcançado com o PP um acordo que permitirá uma "participação decisiva" no governo valenciano ao VOX, um partido com propostas habituais da extrema-direita, relacionadas com a imigração ou os direitos sociais consideradas securitárias, xenófobas e discriminatórias de diversos grupos.

No comunicado a confirmar o acordo, VOX e PP (direita) disseram querer um governo para "defender e recuperar" as "marcas de identidade" da região, promover o desenvolvimento económico, reforçar a saúde pública e os serviços sociais e criar mais apoios para "fomentar a natalidade, a segurança e a promoção das famílias".

Em 28 de maio, houve eleições em 12 das 17 comunidades autónomas de Espanha e os resultados foram, globalmente, uma derrota para o PSOE e toda a esquerda e uma vitória para o PP, levando o primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez, a convocar legislativas nacionais antecipadas para 23 de julho.

O PSOE liderava os governos de nove das regiões que foram a votos e foi o partido mais votado em quatro (Astúrias, Canárias, Extremadura e Castela La Mancha).

No entanto, só tem garantia de continuar a governar Castela la Mancha, onde alcançou a única maioria absoluta, e já perdeu as Canárias, por causa de um acordo anunciado na semana passada entre a Coligação Canária (CC, regionalista) e o PP, que foram a segunda e a terceira forças mais votadas, respetivamente.

Já o PP conseguiu duas maiorias absolutas (Madrid e La Rioja) e em cinco regiões depende de apoios de outros partidos para conseguir governar, sendo a expetativa saber em que casos negociará ou contará com o VOX, como já está confirmado na Comunidade Valenciana.

As sondagens sobre as eleições legislativas gerais de 23 de julho dão nova vitória ao PP, mas sem maioria absoluta, que conseguiria com um acordo com o VOX.

A esquerda transformou nas últimas semanas a ameaça da entrada da extrema-direita no governo espanhol como a principal bandeira da pré-campanha eleitoral.

As eleições espanholas estavam previstas para dezembro, quando terminaria a atual legislatura, que ficou marcada pela primeira coligação no Governo de Espanha, entre o PSOE e a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos.

Leia Também: Taxa de inflação em Espanha nos 3,2% em maio

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