Sánchez considera "má notícia" para toda Europa avanço da extrema-direita
O primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez, disse hoje que a extrema-direita é antieuropeia e nega problemas como as alterações climáticas, pelo que a entrada destes partidos em governos "é uma má notícia".
© Eduardo Parra/Europa Press via Getty Images
Mundo Espanha
Sánchez apresentou hoje em Madrid as prioridades da presidência espanhola do Conselho da União Europeia (UE), a partir de 01 de julho, poucas semanas antes das eleições legislativas nacionais de 23 de julho, com possibilidade de mudança de governo em Espanha, para a direita.
As sondagens dão a vitória ao Partido Popular (PP, direita), mas sem maioria absoluta, que seria possível com uma aliança com a extrema-direita do VOX.
O PP e o VOX já alcançaram esta semana um pacto que levará a extrema-direita a entrar no governo regional da Comunidade Valenciana.
Questionado hoje sobre o avanço da extrema-direita na Europa, em governos e outras instituições, e a possibilidade de Espanha mudar durante a presidência europeia para um executivo de direita com o VOX, Sánchez recusou falar sobre "política doméstica" por estar num ato oficial como primeiro-ministro e na sede do Governo do país.
Mas comentou o avanço da extrema-direita no conjunto da Europa, que considerou "uma má notícia".
"Sobre a maior reapresentação das forças antieuropeias, penso que é uma má notícia para o conjunto da União Europeia, entre outras questões porque se aprendemos alguma coisa com a pandemia e depois com a guerra [na Ucrânia] é que aquilo que temos de fazer para sermos mais fortes é unir-nos", afirmou.
"Temos de estar muito mais unidos, o conjunto dos estados-membros, em redor dos desafios comuns que enfrentamos. Ter movimentos políticos que questionam ou que negam esses desafios, como a emergência climática (...) é uma má notícia para o conjunto da Europa", afirmou.
Sánchez desvalorizou, por outro lado, que haja eleições em Espanha coincidindo com a presidência espanhola da UE.
"A democracia nunca é um problema. Não é a primeira vez que na Europa, durante a presidência rotativa, se celebram eleições e mudanças de governo também", afirmou, acrescentando que as presidências se trabalham durante pelo menos um ano, com "os atores políticos institucionais" do país e as instituições da UE.
Os processos e debates estão todos em curso e não são impostos pelos países que têm as presidências semestrais, que assumem papeis mais de mediadores ou anfitriões, disse.
Pedro Sánchez anunciou em 29 de maio a antecipação para 23 de julho das legislativas nacionais previstas para dezembro depois da derrota, no dia anterior, do partido socialista (PSOE) e da esquerda em geral, nas eleições regionais e locais.
O PSOE liderava os governos de nove das regiões que foram a votos e foi o partido mais votado em quatro (Astúrias, Canárias, Extremadura e Castela La Mancha).
No entanto, só tem garantia de continuar a governar Castela la Mancha, onde alcançou maioria absoluta, e já perdeu as Canárias, por causa de um acordo anunciado na semana passada entre a Coligação Canária (CC, regionalista) e o PP, que foram a segunda e a terceira forças mais votadas, respetivamente.
Já o PP conseguiu duas maiorias absolutas (Madrid e La Rioja) e em cinco regiões depende de apoios de outros partidos para conseguir governar, sendo a expectativa saber em que casos negociará ou contará com o VOX, como já está confirmado na Comunidade Valenciana.
A esquerda transformou nas últimas semanas a ameaça da entrada da extrema-direita no governo espanhol como a principal bandeira da pré-campanha eleitoral.
As eleições espanholas estavam previstas para dezembro, quando terminaria a atual legislatura, que ficou marcada pela primeira coligação no Governo de Espanha, entre o PSOE e a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos.
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