"O mundo não pode permitir que isto aconteça [no Darfur]. De novo não", sublinhou Griffiths, em comunicado, sobre uma região que presenciou no início dos anos 2000 uma guerra que causou cerca de 300.000 mortos e mais de 2,5 milhões de deslocados.
Martin Griffiths lembrou que "à medida que o conflito no Sudão entra no seu terceiro mês, a situação humanitária em todo o país continua a deteriorar-se".
"Estou particularmente preocupado com a situação no Darfur, onde a população está presa num pesadelo real: bebés morrem nos hospitais onde estão sendo tratados, crianças e mães sofrem de desnutrição grave, acampamentos para deslocados incendiados, meninas violadas, escolas fechadas, famílias a comerem folhas para sobreviver", sublinhou.
O subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários destacou que "a violência intercomunitária está a espalhar-se, ameaçando reacender as tensões étnicas que alimentaram o conflito mortal há 20 anos".
"Os relatos de assassínios étnicos de centenas de pessoas na cidade sitiada de El-Geneina (Darfur Ocidental), embora não confirmados, deveriam por si só incitar o mundo a agir", frisou, denunciando também obstáculos à ajuda humanitária.
Os combates no Sudão desencadearam-se após desentendimentos sobre a unificação das Forças Armadas, no âmbito de um acordo assinado para a transição para a democracia.
Segundo dados do Sindicato dos Médicos Sudaneses divulgados esta quarta-feira, pelo menos 958 civis morreram nos dois meses de combates entre o exército, dirigido pelo general Abdel Fattah al-Burhane, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido, do general Mohamed Hamdane Daglo.
Já a organização ACLED, especializada em recolha de informação em zonas de conflito, já contabilizou mais de 1.800 mortos, enquanto a ONU aponta para dois milhões de deslocados e refugiados na sequência do conflito.
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