"As forças armadas ucranianas não têm qualquer hipótese nessa ou noutras áreas", afirmou Putin durante o Seminário Económico Internacional de São Petersburgo (SPIEF, na sigla em inglês).
Putin disse que as forças ucranianas "utilizaram as chamadas reservas estratégicas para romper as defesas [russas], consolidar as suas próprias defesas e avançar".
"Nenhum destes objetivos foi alcançado", afirmou Putin, citado pela agência francesa AFP.
Putin reiterou que a Ucrânia estava a sofrer "perdas muito pesadas" na contraofensiva lançada recentemente.
Considerou ainda que a Ucrânia não será capaz de lutar "durante muito tempo" por falta de equipamento militar, apesar dos fornecimentos ocidentais.
Moscovo tem insistido que a atual ofensiva ucraniana falhou, enquanto Kyiv diz ter libertado algumas cidades e cerca de cem quilómetros quadrados, principalmente na frente sul.
Analistas militares ocidentais têm dito que Kyiv ainda não lançou a maior parte das forças na contraofensiva, segundo a AFP.
No SPIEF, Putin descreveu o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, como uma "desgraça para o povo judeu" e acusou de novo Kyiv de estar nas mãos de neonazis para justificar a invasão em 24 de fevereiro de 2022.
"Tenho muitos amigos judeus desde a infância. E eles dizem que Zelensky não é judeu, mas uma vergonha para o povo judeu. Isto não é uma piada", disse Putin, cuja longa intervenção foi transmitida em direto pela televisão russa.
Putin acusou mais uma vez Zelensky de encobrir "bastardos neonazis" e de tratar os colaboradores nazis da Segunda Guerra Mundial como heróis.
"Porque é que eles não nos ouvem? Somos obrigados a lutar contra isto", afirmou.
"Temos todo o direito de considerar que o objetivo de desnazificar a Ucrânia é um dos principais objetivos", acrescentou.
Ao anunciar a invasão, Putin disse que Moscovo pretendia "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia, que se separou da Rússia com a dissolução da antiga União Soviética, em 1991.
Putin também tem acusado o regime de Kyiv de um alegado genocídio de falantes de russo na Ucrânia, sobretudo no Donbass, a região formada pelas autodeclaradas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.
O líder russo reconheceu a independência dos dois territórios ucranianos antes de lançar a invasão militar, que também justificou com um pedido de auxílio das forças separatistas do Donbass.
Em setembro passado, a Rússia anexou Donetsk e Lugansk, bem como Kherson e Zaporijia, depois de ter feito o mesmo à Crimeia, em 2014, quando se iniciou a guerra separatista no Donbass, com apoio de Moscovo.
Kyiv e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a soberania russa nas cinco regiões anexadas à Ucrânia.
O SPIEF, considerado o contraponto russo ao Fórum Económico de Davos, na Suíça, decorre até sábado.
Dedicado ao tema "O desenvolvimento soberano é a base de um mundo justo. Vamos unir forças para o bem das gerações futuras", conta com a participação de representações de 15 países, segundo a agência oficial TASS.
A lista de convidados inclui o Presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, que efetua uma visita de estado à Rússia.
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