"Apesar da urgência da situação, apesar da ameaça de grupos de extrema-direita, um pedido de retirada da Agência Regional de Saúde e mais de 30 alertas a instituições, nem o governo, nem a autarquia de Île-de-France, nem a autarquia de Paris respondeu aos pedidos de ajuda", denunciou a organização não-governamental (ONG) Utopia 56.
"Por esta razão, as associações e os jovens decidiram mudar-se para a Praça do Palácio Real, em frente ao Conselho de Estado, e aí permanecer até que lhes seja oferecido um alojamento digno", acrescentou esta organização que apoia os migrantes em França, num comunicado conjunto de vários organismos.
Este protesto de rua ocorre após a tomada de uma escola abandonada no 16.º distrito de Paris em abril.
De acordo com o Utopia 56, cerca de 700 migrantes menores de idade reúnem-se naquele local desde então, sobrevivendo sem eletricidade ou água canalizada.
"O objetivo da ocupação era acabar com a situação de rua e chamar a atenção das instituições para a situação destes jovens, obrigados a sobreviver nas ruas sem sequer conseguir montar uma tenda", lembrou a ONG.
A única resposta recebida, de acordo com o comunicado, foi um pedido de expulsão da Câmara Municipal de Paris, sem proposta de outra acomodação.
As ONG denunciaram ainda a presença na área do protesto de militantes de extrema-direita e a ameaça de possíveis atos de violência.
Os manifestantes vão agora permanecer em frente ao Conselho de Estado, órgão "garantidor de direitos e liberdades" em França, para "pedir ao governo abertura ao diálogo, respeito pelo direito internacional e oferta de alojamento e apoio adequados à sua situação e vulnerabilidade".
Além de um teto digno, as organizações que apoiam os migrantes exigem que França respeite o princípio da assunção da menoridade, ao lidar com migrantes que assim o declarem.
Não é a primeira vez que grupos de migrantes e associações humanitárias organizam ações deste tipo em Paris.
Em dezembro, várias centenas de migrantes também acamparam em frente ao Conselho de Estado durante vários dias, até que conseguiram que as autoridades lhes encontrassem refúgio.
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