O naufrágio ocorreu quando a embarcação em que se encontravam os migrantes, originários da Costa do Marfim, Guiné-Conacri, Burkina Faso e Camarões, se virou no mar devido a ventos e ondas fortes depois de ter partido de Sfax (Tunísia), segundo o porta-voz da OIM para o Mediterrâneo, Flavio di Giacomo.
Quatro migrantes foram resgatados e levados para a ilha italiana, enquanto os restantes, entre 37 e 40, estão desaparecidos.
"Este é um dos muitos naufrágios que ocorrem ao largo de Lampedusa, de que muitas vezes nem sequer temos conhecimento, mas estamos convencidos de que são muitos, mais do que noutros anos", explicou o porta-voz, que os atribuiu ao tipo de embarcação utilizada pelos traficantes.
"[São] barcos de ferro, muito frágeis, que se partem ao fim de algumas horas. Vemo-los desde outubro e novembro, e só os migrantes de origem subsaariana são obrigados a embarcar neles, porque os tunisinos utilizam os barcos de madeira, mais seguros, pelo que, no fundo, é uma forma de discriminação, de racismo", afirmou Flávio Di Giacomo.
Em declarações citadas pela EFE, o porta-voz da OIM referiu que os serviços de salvamento encontraram vários sobreviventes na água e destacou a rota entre a Tunísia e a Itália como "a mais perigosa deste ano" no Mediterrâneo.
"Há muitas embarcações precárias a afundar-se. Tornou-se mais perigosa do que a Líbia e há muitas mortes. Antes do naufrágio na Grécia, calculámos que havia 1.039 mortes no Mediterrâneo Central. Penso que são certamente mais de 1.500, temos de esperar pelo número oficial. Mas também acreditamos que o número real é muito mais elevado, porque há muitas embarcações que se afundam e de que ninguém tem conhecimento", acrescentou.
Segundo o porta-voz da OIM, a chegada do verão vai traduzir-se em mais tentativas de migrantes atravessar o Mediterrâneo nestas embarcações.
Já hoje a equipa dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) a bordo do navio Geo Barents resgatou 13 pessoas, incluindo duas mulheres e dois menores não acompanhados, que viajavam numa embarcação instável há três dias, informou a organização não-governamental nas redes sociais.
"Foi-nos atribuído o porto de La Spezia, que fica a três dias e meio de navegação da nossa posição atual", revelou a organização, pelo que o Geo Barents se junta aos navios humanitários espanhóis Aita Mari e Open Arms, enviados nos últimos dias para Salerno (sul) e Livorno (norte).
De acordo com os registos do Ministério do Interior, 58.171 imigrantes chegaram às costas italianas em 2023, mais do dobro dos 24.808 que chegaram no mesmo período do ano passado.
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