"Um ano depois de os talibãs regressarem ao poder, a vida foi pior para os afegãos que em qualquer momento da última década e que para qualquer outra pessoa no planeta", indicou o mais recente relatório anual sobre emoções globais, divulgado esta semana pela empresa de análise e consultoria norte-americana Gallup.
Após entrevistar 147.000 adultos de 142 países, o estudo elabora uma lista de países onde a população vive diariamente mais experiências positivas, como descansar bem, ser tratado com respeito ou ter tempo de lazer; e outra com aqueles cujo povo lida com danos físicos, tristeza ou stresse de forma quotidiana.
O Afeganistão foi o país mais mal classificado em ambas as listas, ocupando o último lugar na de países com mais experiências positivas e encabeçando a correspondente ao maior número de experiências negativas.
"As experiências positivas diárias já eram reduzidas antes de os talibãs tomarem o controlo, mas estas emoções desapareceram em grande medida do Afeganistão em 2021 e não regressaram em 2022. A percentagem de afegãos que disseram ter-se divertido, aprendido alguma coisa interessante ou sentido bem no dia anterior manteve-se em ou próxima de mínimos históricos", sublinhou o relatório.
Os testemunhos foram precisamente recolhidos entre julho e agosto do ano passado, coincidindo com o primeiro aniversário do regresso ao poder dos talibãs, ocorrido a 15 de agosto de 2021.
O relatório "mostrou que quase todos os afegãos (98%) classificaram a sua vida como tão má que a consideravam um sofrimento".
O Governo dos talibãs rejeitou hoje as conclusões do documento e insistiu em que a situação do povo afegão melhorou desde a sua chegada.
"Rejeitamos este estudo de opinião da Gallup (...) que não é válido. No passado, a Gallup sempre fez propaganda contra o Afeganistão", declarou o porta-voz dos talibãs, Zabiullah Mujahid.
Com 34 pontos em 100 possíveis, o Afeganistão ficou longe dos resultados da Turquia (45 pontos) e do Líbano (46), tal como dos restantes países menos positivos do mundo.
Quanto às experiências negativas dos seus habitantes, o país asiático liderou pelo segundo ano consecutivo a lista, com o mesmo número de pontos que a Serra Leoa.
Estes resultados contrastaram com a tendência global que, segundo o documento, reflete um aumento generalizado das experiências positivas entre a população.
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