"Transmiti à presidente da Comissão Europeia que vamos cumprir com os nossos deveres (...). Vamos atuar como intermediários imparciais e coordenar debates construtivos, incluindo nos dossiês abertos", como migrações, leis digitais e segurança económica, declarou Pedro Sánchez, falando em conferência de imprensa no final de uma viagem do colégio de comissários a Madrid, quando arranca a presidência espanhola do Conselho da União Europeia (UE).
De acordo com o chefe do Governo espanhol, Espanha assegura a liderança rotativa europeia "com absoluta normalidade", apesar das eleições legislativas antecipadas marcadas para dia 23 de julho, já que "não é a primeira vez que um país que está na presidência tem eleições".
Questionada sobre esta situação, a presidente da Comissão Europeia vincou: "Independentemente do resultado das eleições, confio que o Governo espanhol e as instituições espanholas consigam avançar".
Salientando que Espanha assume a liderança do Conselho da UE num "momento decisivo", Ursula von der Leyen elencou vários dossiês em aberto, para os quais disse "contar com Espanha" para os concluir, nomeadamente no apoio a Kiev, dada a proposta relativa a uma reserva de 50 mil milhões de euros de apoio à recuperação da Ucrânia, no âmbito da revisão do orçamento da UE a longo prazo.
Para a líder do executivo comunitário, é urgente avançar com "apoio financeiro regular e confiável" a Kiev, numa altura em que se assinalam "500 dias de sofrimento do povo ucraniano, mas também de impressionante resistência e luta".
A posição surge depois de, numa proposta avançada há duas semanas para revisão do Quadro Financeiro Plurianual, a Comissão Europeia ter proposto um instrumento de 50 mil milhões de euros de apoio à recuperação da Ucrânia, 15 mil milhões de euros para gestão das migrações e 10 mil milhões para investimentos 'verdes' e tecnológicos.
Ainda sobre a Ucrânia, Ursula von der Leyen revelou que a Comissão Europeia vai, no outono, "apresentar um relatório sobre [uma eventual] adesão à UE e cabe a Espanha conduzir as discussões", após a atribuição do estatuto de candidato ao país em junho de 2022.
Além disso, a instituição vai avançar com uma proposta sobre como usar os ativos públicos russos congelados pelos 27 Estados do bloco europeu para financiar a reconstrução da Ucrânia, anunciou a responsável, apontando que "a Ucrânia precisa de financiamento e o mundo precisa de saber que os crimes de guerra não podem continuar sem serem punidos".
Sobre a posição europeia relativa a Kiev, Pedro Sánchez assegurou: "Que todos tenham claro que não vamos retroceder num único passo, vamos continuar a apoiar a Ucrânia até à longa e próspera paz".
"Europa e Ucrânia juntas até à vitória final", concluiu Sánchez, que visitou a capital ucraniana no sábado passado, naquele que foi o primeiro ato da presidência espanhola do Conselho da UE.
O governante espanhol reconheceu ainda que, nestes seis meses, Espanha tem "muito trabalho pela frente", mas salientou "enorme ambição" desta que é a quinta presidência rotativa da UE, desde a sua adesão ao bloco comunitário em 1986, no mesmo ano em que Portugal.
Espanha assume a presidência da UE neste segundo semestre de 2023, de 01 de julho a 31 de dezembro, num período de grandes desafios para os Estados-membros e para a União no seu conjunto.
O início desta liderança coincide com as eleições legislativas nacionais antecipadas, marcadas para o próximo dia 23.
[Notícia atualizada às 16h18]
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