ONU alerta para nova "escalada perigosa" na Cisjordânia

A ONU alertou hoje para a "perigosa escalada" das tensões na Cisjordânia ocupada e apelou à proteção da população civil, horas após uma nova operação militar israelita em Jenin, que provocou oito mortos e mais de 50 feridos.

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© Lev Radin/Pacific Press/LightRocket via Getty Images

Lusa
03/07/2023 16:38 ‧ 03/07/2023 por Lusa

Mundo

Cisjordânia

"A operação [militar israelita] surge após meses de tensões crescentes que nos recordam, mais uma vez, que a situação é extremamente volátil e imprevisível em toda a Cisjordânia ocupada", afirmou o coordenador especial da ONU para o processo de paz no Médio Oriente, Tor Wennesland, numa série de mensagens na conta pessoal da rede social Twitter.

Wennesland confirmou os contactos com todas as partes e explicou que tinha pedido a todas elas para abrandarem "com urgência" as tensões e garantirem o acesso humanitário e a assistência médica em Jenin, onde as forças israelitas chegaram a lançar bombardeamentos para combater a presença de grupos terroristas.

O Governo de Israel justificou o ataque "de grande intensidade" a Jenin por considerar a cidade palestiniana do norte da Cisjordânia ocupada como "um centro de terrorismo".

O argumento foi avançado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, como justificação para a vasta operação contra o campo de refugiados palestinianos em Jenin que o exército israelita está a realizar.

Os ataques terroristas contra civis israelitas" têm sido instigados no campo de Jenin, disse Cohen aos jornalistas. 

Segundo um comunicado do exército israelita, um "soldado foi ligeiramente ferido por estilhaços de uma granada do exército durante a operação de Jenin e foi hospitalizado".

A ofensiva israelita, que começou por via aérea e prosseguiu por terra, deu prioridade a um centro de comando da Brigada de Jenin, que reúne todas as milícias de todas as fações para combaterem em conjunto as tropas israelitas, também utilizado como centro de observação, coordenação e planeamento, depósito de armas e explosivos e esconderijo de outros milicianos envolvidos em ataques nos últimos meses.

"Como parte de um extenso esforço antiterrorista na Judeia e Samaria [Cisjordânia], as forças de segurança atacaram um centro de operações, que servia como centro de comando operacional conjunto da Brigada Jenin no campo de refugiados de Jenin", disse um porta-voz do exército israelita ao início da manhã de hoje.

Por seu lado, a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou que vários centros de saúde em Jenin foram danificados. 

"As declarações das forças israelitas de que apenas estão a atacar infraestruturas militares contrastam com o que vemos: o hospital onde estamos a tratar os pacientes foi atingido por bombas de gás lacrimogéneo", disse a coordenadora dos MSF, Jovana Arsenijevic.

A organização, que criticou o facto de as ofensivas israelitas serem "cada vez mais frequentes", adiantou que as estradas que ligam ao campo de refugiados estão bloqueadas, mesmo para as ambulâncias.

Leia Também: Pelo menos cinco mortos em Jenin. Israel justifica ataque "de força"

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