"A operação [militar israelita] surge após meses de tensões crescentes que nos recordam, mais uma vez, que a situação é extremamente volátil e imprevisível em toda a Cisjordânia ocupada", afirmou o coordenador especial da ONU para o processo de paz no Médio Oriente, Tor Wennesland, numa série de mensagens na conta pessoal da rede social Twitter.
Wennesland confirmou os contactos com todas as partes e explicou que tinha pedido a todas elas para abrandarem "com urgência" as tensões e garantirem o acesso humanitário e a assistência médica em Jenin, onde as forças israelitas chegaram a lançar bombardeamentos para combater a presença de grupos terroristas.
O Governo de Israel justificou o ataque "de grande intensidade" a Jenin por considerar a cidade palestiniana do norte da Cisjordânia ocupada como "um centro de terrorismo".
O argumento foi avançado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, como justificação para a vasta operação contra o campo de refugiados palestinianos em Jenin que o exército israelita está a realizar.
Os ataques terroristas contra civis israelitas" têm sido instigados no campo de Jenin, disse Cohen aos jornalistas.
1/3 The current escalation in the occupied West Bank is very dangerous & follows months of mounting tensions. Eight Palestinians, including militants, have been killed & several others wounded by ISF fire during an Israeli militray operation that began early this morning.
— Tor Wennesland (@TWennesland) July 3, 2023
Segundo um comunicado do exército israelita, um "soldado foi ligeiramente ferido por estilhaços de uma granada do exército durante a operação de Jenin e foi hospitalizado".
A ofensiva israelita, que começou por via aérea e prosseguiu por terra, deu prioridade a um centro de comando da Brigada de Jenin, que reúne todas as milícias de todas as fações para combaterem em conjunto as tropas israelitas, também utilizado como centro de observação, coordenação e planeamento, depósito de armas e explosivos e esconderijo de outros milicianos envolvidos em ataques nos últimos meses.
"Como parte de um extenso esforço antiterrorista na Judeia e Samaria [Cisjordânia], as forças de segurança atacaram um centro de operações, que servia como centro de comando operacional conjunto da Brigada Jenin no campo de refugiados de Jenin", disse um porta-voz do exército israelita ao início da manhã de hoje.
Por seu lado, a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou que vários centros de saúde em Jenin foram danificados.
"As declarações das forças israelitas de que apenas estão a atacar infraestruturas militares contrastam com o que vemos: o hospital onde estamos a tratar os pacientes foi atingido por bombas de gás lacrimogéneo", disse a coordenadora dos MSF, Jovana Arsenijevic.
A organização, que criticou o facto de as ofensivas israelitas serem "cada vez mais frequentes", adiantou que as estradas que ligam ao campo de refugiados estão bloqueadas, mesmo para as ambulâncias.
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