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Rússia diz que navios com cereais devem deixar Mar Negro até 17 de julho

A Rússia afirmou hoje que os navios que transportam cereais dos portos ucranianos devem deixar o Mar Negro antes de o acordo de Istambul expirar no dia 17, reiterando que não pretende uma nova extensão do entendimento.

Rússia diz que navios com cereais devem deixar Mar Negro até 17 de julho
Notícias ao Minuto

15:42 - 04/07/23 por Lusa

Mundo Ucrânia/Rússia

"O lado russo continua a abordar com consciência e responsabilidade suas obrigações como parte do acordo, fazendo os esforços necessários em estrita conformidade com as regras de procedimento para que todos os navios participantes possam concluir com êxito a sua missão e deixar o Mar Negro antes de a sua validade expirar", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Moscovo.

Em comunicado, a diplomacia russa reiterou que "é óbvio que não há razões para continuar a Iniciativa do Mar Negro", acordada há um ano com a mediação da Turquia e da ONU, para permitir a exportação de alimentos ucranianos em plena guerra e assim garantir a segurança alimentar mundial.

A Rússia destacou que o acordo não pode ser prolongado sem o consentimento de todas as partes.

Moscovo reiterou que a iniciativa, cujo objetivo era abastecer os países necessitados da África, Ásia e América Latina, "se transformou numa exportação puramente comercial de alimentos ucranianos para países 'bem alimentados'".

A Rússia argumentou também que, das 32,6 milhões de toneladas de cereais exportadas dos portos de Odessa, Yuzhni e Chornomorsk desde 01 de agosto de 2022, 81% foram para países de rendimento alto e médio-alto, enquanto apenas 2,6% chegaram aos países mais pobres como Etiópia, Iémen, Afeganistão, Sudão e Somália.

Além disso, a diplomacia russa destacou que o memorando entre a Rússia e a ONU para a normalização das exportações de produtos agrícolas e fertilizantes russos, e que está previsto para três anos, "continua a deteriorar-se".

Este pacto não requer nenhuma decisão especial sobre a sua extensão, mas como não é cumprido, segundo a parte russa, Moscovo também não deve renovar o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos.

A diplomacia russa sublinhou que, desde julho de 2022, a União Europeia (UE) introduziu cinco novos "pacotes" de sanções contra a Rússia, ao mesmo tempo que aumentam as restrições extraterritoriais dos Estados Unidos e do Reino Unido que têm bloqueado as exportações agrícolas de Moscovo.

As exigências da Rússia para manter a iniciativa incluíram o retorno do seu banco agrícola, Rosseljozbank, ao sistema bancário internacional SWIFT, o levantamento de sanções sobre peças de reposição para máquinas agrícolas, o desbloqueamento de seguros de logística e transporte, o descongelamento de ativos e regresso do oleoduto de amónio Togliatti-Odesa, que explodiu em 05 de junho.

"Estamos a falar de um oleoduto de amónio através do qual cerca de dois milhões de toneladas de matéria-prima são bombeadas anualmente para a produção de fertilizantes suficientes para alimentar 45 milhões de pessoas", destacou o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A diplomacia russa indicou que de 262.000 toneladas de fertilizantes russos planeadas para doação aos países necessitados, apenas dois lotes foram enviados desde setembro de 2022 para Malauí (20.000 toneladas) e Quénia (34.000).

A ONU, disse a Rússia, "permanece em silêncio" sobre esta questão e o Ocidente "declara publicamente que não pode relaxar as sanções, inclusive para alimentos e fertilizantes".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

Leia Também: Acordo de cereais? "Não vejo argumentos" para "prolongar iniciativa"

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