"Não é segredo que os parceiros da coligação têm opiniões muito diferentes sobre a política de imigração", disse Rutte à imprensa em Haia.
"Hoje, infelizmente, temos que tirar a conclusão de que essas diferenças são irreconciliáveis. É por isso que irei imediatamente (...) apresentar a demissão de todo o gabinete ao Rei por escrito", adiantou.
A reação da oposição foi imediata e Geert Wilders, líder do Partido para a Liberdade (extrema-direita), exigiu através das redes sociais "eleições rápidas já".
Jesse Klaver, líder do partido Esquerda Verde também pediu eleições e disse à emissora NOS que o país "precisa de uma mudança de direção".
Rutte presidiu a reuniões noturnas nos últimos dias entre os parceiros de coligação, que não resultaram num acordo sobre a política migratória.
As discussões ressaltaram divisões ideológicas entre os partidos parceiros centristas que não apoiam uma repressão estrita à imigração -- D66 e União Cristã -- e os dois mais à direita que favorecem medidas mais duras -- o Partido Popular para a Liberdade e Democracia, de Rutte, e os democratas-cristãos.
A situação ficou tensa na quarta-feira, quando Rutte colocou na mesa um limite de 200 familiares de refugiados reunidos por mês e um período de espera de dois anos antes de poderem viajar para os Países Baixos.
Esta proposta tem sido considerada inviável pelo progressista D66, mas sobretudo pela União Cristã), um parceiro para quem o respeito pela família é uma "linha vermelha".
No ano passado, centenas de requerentes de asilo foram forçados a dormir ao ar livre em condições miseráveis perto de um centro de receção lotado, já que o número de pessoas que chegavam aos Países Baixos superava as camas disponíveis, apesar da ajuda de agências de assistência locais.
Pouco mais de 21.500 pessoas de fora da Europa buscaram asilo nos Países Baixos em 2022, segundo dados estatísticos do país e dezenas de milhares mudaram-se para os Países Baixos para trabalhar e estudar.
Os números pressionaram as habitações que já eram escassas no país densamente povoado.
O Governo de Rutte trabalhou por uma lei que poderia obrigar os municípios a fornecer acomodações para requerentes de asilo recém-chegados, mas a legislação ainda precisa passar pelas duas câmaras do parlamento.
O primeiro-ministro também promoveu os esforços da União Europeia para retardar a migração para o bloco de 27 nações. Rutte visitou a Tunísia no mês passado para oferecer mais de um milhão de euros em ajuda financeira, resgatar a economia débil do país norte-africano e conter a migração a partir das suas costas para a Europa.
O governo de coligação de Rutte, o quarto que liderou, assumiu o cargo em janeiro de 2022, após as negociações do acordo de governo mais longas da história política neerlandesa.
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