Ucrânia. Missão africana questiona papel da UA e apelos a posições comuns

Analistas internacionais consideram que a missão de sete países africanos à Ucrânia e Rússia levantou questões sobre a relevância da União Africana (UA) na diplomacia de crise fora de África e contradiz os apelos a posições comuns africanas.

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Lusa
08/07/2023 09:50 ‧ 08/07/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Os apelos regulares a posições comuns africanas ao reforço das relações entre a UA e a Organização das Nações Unidas (ONU) e à sua representação no G20 estão em contradição com este estilo 'ad hoc' de diplomacia pan-africana", sustentam dois analistas do Instituto de Estudos de Segurança (ISS, na sigla em inglês).

Com África a tornar-se uma "arena de competição geopolítica", a missão foi importante e representou uma mudança radical na diplomacia do continente em crises de segurança não africanas, sustentam os investigadores Hubert Kinkoh e Ueli Staeger.

Mas "organizar a mediação fora dos quadros da UA levanta questões sobre a relevância e a posição do organismo continental em intervenções diplomáticas de alto nível" e crises fora de África, insistem.

Os investigadores questionam se a delegação agiu em nome do continente ou contribuiu para os interesses da África do Sul, com o seu Presidente, Cyril Ramaphosa, a liderar o grupo que incluiu os presidentes do Senegal, das Comores e da Zâmbia, juntamente com o primeiro-ministro do Egito e enviados da República do Congo e do Uganda.

Este episódio, dizem os analistas do ISS, evidencia que a dinâmica geopolítica e os impactos da guerra Rússia-Ucrânia em África levam "à necessidade de redefinir o mandato do Conselho de Paz e Segurança da UA", interpretado como limitado a África, no que diz respeito à diplomacia de crise não africana.

Sem a legitimidade política que uma iniciativa liderada pela UA teria proporcionado, a missão de paz de junho de 2023 ficou ainda vulnerável a acusações de parcialidade, escrevem Hubert Kinkoh, investigador na área da governação africana, paz e segurança, do ISS e Ueli Staeger, da Universidade de Genebra e Instituto Universitário da ONU.

Isto porque, "apesar da sua posição não alinhada, quatro das nações envolvidas (Egito, África do Sul, República do Congo e Uganda) se voltam para a Rússia", em contraste com "a Zâmbia e as Comores que estão mais alinhadas com o Ocidente".

A missão africana não forneceu um roteiro para a mediação além da viagem única e, olhando para iniciativas de outros países, como a Turquia, os analistas concluem que tinha poucas hipóteses de aproximar as posições da Ucrânia ou da Rússia.

Leia Também: Presidente do Senegal defende entrada da União Africana no G20

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