Em conferência de imprensa, o ministro Bheki Cele avançou que a força de segurança está a investigar os incidentes, tendo identificado pelo menos 12 pessoas como sendo os responsáveis pelas ações armadas contra o setor do transporte de mercadorias pesadas.
As províncias afetadas são Gauteng, onde se localiza Joanesburgo, e Pretória, a capital do país, KwaZulu-Natal, sudeste, Mpumalanga e Limpopo, na região norte. Estas últimas três províncias fazem fronteira com Moçambique.
"Podem ser quatro grupos já identificados, coordenados num centro algures no norte de KZN [KwaZulu-Natal]. Portanto, sim, cerca de 12, mas o caso de Limpopo pode ser relacionado com a [falta] de serviços [públicos] naquela área, mas os outros dois em KZN são claramente coordenados e crime organizado", afirmou o governante sul-africano.
Pelo menos 21 veículos pesados de transporte de mercadorias foram atacados por desconhecidos armados e queimados nas províncias sul-africanas de KwaZulu-Natal, Mpumalanga e Limpopo desde sábado.
Cerca das 05:50 locais de hoje, quatro camiões foram assaltados e queimados na província de Mpumalanga na Estrada Nacional N2, entre Piet Retief e Ermelo, segundo a polícia sul-africana.
"As evidências apontam para operações organizadas, coordenadas e sofisticadas que procuram afetar a economia do país e sabotar o Estado", salientou o ministro da Polícia.
Cele sublinhou que a maioria dos motoristas são sul-africanos e que os camiões pertencem a empresas sul-africanas, referindo que apenas três camiões estrangeiros foram visados nas recentes ações de violência armada, dois em Mpumalanga e um em KZN.
"Também havia algo em comum entre os camiões visados -- a maioria transportava carvão e crómio", frisou.
O ministro refutou alegações de que os recentes ataques incendiários estejam relacionados com a insurreição de julho de 2021, em pelo menos 337 pessoas morreram e mais de 3.400 foram detidas em resultado de tumultos e pilhagens que afetaram durante algumas semanas a África do Sul.
As autoridades sul-africanas não anunciaram detenções após a recente onda de ataques armados contra a indústria de transportes de mercadorias.
A África do Sul é um dos principais exportadores de minério e produtos agrícolas do Mundo, sendo que cerca de 80% do volume de mercadorias é atualmente transportada por via rodoviária na África do Sul, de acordo com o sindicato sul-africano de Transportes e Trabalhadores Aliados (SATAWU, na sigla em inglês).
Pelas fronteiras terrestres e portos sul-africanos, nomeadamente Durban e Richards Bay, sudeste do país, transitam mercadorias e matérias-primas oriundas do continente com destino à Europa, Ásia e Estados Unidos da América.
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, afirmou no domingo estar preocupado com o "impacto negativo" das recentes ações criminosas na economia do país.
"É quase uma sabotagem económica", considerou o chefe de Estado sul-africano à margem de uma reunião da direção nacional do partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC).
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