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Golpe de Estado de 2022 foi "farsa" do primeiro-ministro de São Tomé

O juiz jubilado e advogado de defesa dos acusados da tentativa de golpe de Estado em São Tomé e Príncipe, em 2022, disse hoje à Lusa, no Porto, que se tratou de "uma farsa" preparada pelo primeiro-ministro, Patrice Trovoada.

Golpe de Estado de 2022 foi "farsa" do primeiro-ministro de São Tomé
Notícias ao Minuto

20:44 - 12/07/23 por Lusa

Mundo São Tomé e Príncipe

Carlos Semedo falava à margem das comemorações do Dia da Independência da antiga colónia portuguesa, que decorreu na Associação Intercultural Luso São-tomense.

O Ministério Público (MP) de São Tomé e Príncipe acusou em fevereiro deste ano nove militares e um civil de envolvimento no assalto ao quartel das Forças Armadas, em 25 de novembro, sete dos quais acusados do crime de homicídio qualificado na forma tentada.

Segundo o MP, o assalto foi orquestrado por Arlécio Costa, e visava, depois do assalto ao quartel, destituir o Presidente da República, Carlos Vila Nova, o ministro da Defesa, Jorge Amado, e o então chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da República Democrática de São Tomé e Príncipe, brigadeiro-general Olinto Paquete.

"Hoje, todas as provas indicam que não houve qualquer combinação para haver um golpe de Estado. O que é incrível é que os são-tomenses não falam. Há um medo terrível de abordar o assunto e, internacionalmente, há um bloqueio tremendo", alertou Semedo, que afirmou estar a informar a secção de Direitos Humanos das Nações Unidas do curso da investigação.

"Afirmo sem receio nenhum que não há golpe de Estado, as pessoas foram atraídas, aproveitando o descontentamento do Arlécio Costa que esteve, de facto, na tentativa de golpe de Estado em 2003, organizada e financiada pelo atual primeiro-ministro", prosseguiu.

Sobre o visado, acrescentou, que tendo "sido capitão dos 'búfalos', uma tropa de elite, especializada, nos anos 60 [do século passado], era um homem de quase 70 anos, diabético, cego e que não tinha capacidade para organizar".

Em relação "àquilo que o primeiro-ministro disse como informação", na manhã a seguir à ocorrência, Carlos Semedo garante que "todos os elementos recolhidos sete meses depois, acabam por apontar para a inexistência de qualquer combinação".

Ainda sem data para começar o julgamento, Carlos Semedo explicou aguardar a "decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o 'habeas corpus' introduzido na semana passada, porque a lei diz claramente que a prisão preventiva [dos jovens militares detidos] não pode durar sete meses até à abertura da audiência do julgamento (...) e que devia ter sido aberta até 25 de junho".

"Estou completamente seguro de que estamos perante uma farsa, estamos perante aquilo que classifiquei em 25 de novembro de 'inventona' de golpe de Estado (...). Nesta farsa, claramente, a responsabilidade é do poder político, porque o poder militar não atua sem a estrutura o mandar. Estou a falar do primeiro-ministro, que tem de ser o responsável desta farsa", reforçou o jurista.

Ainda assim, Carlos Semedo disse crer que Patrice Trovoada "não mandou matar" e que o facto de terem ocorrido mortes "foi por excesso de zelo das pessoas".

"São garotos de 18,19 e 20 anos que estão detidos e pelos quais peço ao 'habeas corpus' (...) garotos que não tinham arma, que foram escalados para aquela noite e que não foram rendidos", assinalou o advogado, afirmando ainda que "os assassinos estão todos promovidos, alguns deles estão já em Portugal, sem qualquer medida de coação".

Os acusados são Bruno Afonso (conhecido como "Lucas"), civil e o único dos quatro atacantes que sobreviveu, Admílson Severiano "Mamão", Angelício Carlos ou "Zi", Dalton Miranda ou "Brima", Jaílson da Mata ou "Didi", Jamílson Tavares "Cabidelei" ou "Cabilelé", Nelciso Pontes "Narciso" ou "Progô", Odiley Almeida "Criminal", Stephane Santiago "Gabonês" e Francisco Filipe "Dalton" ou "Papagaio".

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