Sudão. Cartum esteve sem comunicações enquanto recrudescem os combates
A capital do Sudão, país devastado pela guerra desde meados de abril, ficou hoje sem comunicações, coincidindo com o recrudescer dos combates entre exército e paramilitares, com organizações não-governamentais a alertarem para o agravamento da situação sanitária.
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Mundo Sudão
As ligações à Internet e aos telemóveis, essenciais para acesso às notícias e para as compras, foram interrompidas durante algumas horas em Cartum antes de serem restabelecidas durante a tarde, enquanto "violentos confrontos" ocorriam em várias partes da cidade, disseram testemunhas à agência France-Presse através de uma linha fixa.
Nuvens de fumo negro foram vistas perto do quartel-general do exército no centro da cidade, bem como no sul.
Testemunhas em Cartum Norte falaram de "confrontos com todo o tipo de armas" enquanto em Omdourman, os residentes relataram aviões de combate e 'drones' a sobrevoar os subúrbios do norte.
O conflito sudanês iniciou-se em 15 de abril e opõe o exército regular, liderado pelo "homem forte" do país, general Abdel Fattah al-Burhan, e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), comandado pelo também general Mohamed Hamdane Daglo.
Os combates, principalmente em Cartum, mas também em Darfur (oeste), palco de novas atrocidades, fizeram quase 3.000 mortos, segundo a organização não-governamental (ONG) Acled, especializada na recolha de informações em zonas de conflito.
A ONU estima em três milhões o número de pessoas deslocadas e refugiadas, das quais mais de um milhão e meio deixaram Cartum.
Outros milhões, retidos nas suas casas, por recearem serem apanhados no fogo cruzado da brutal guerra urbana, recorrem frequentemente à Internet para satisfazer as suas necessidades básicas, criando iniciativas de financiamento participativo para encontrar rotas de evacuação, alimentos e medicamentos.
Mais de 2,4 milhões de pessoas foram deslocadas no interior do país, onde os abastecimentos são escassos e "entre dois terços e 80% dos hospitais não estão a funcionar", sublinhou hoje Rick Brennan, da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O "já sobrecarregado sistema de saúde" do Sudão está a enfrentar "enormes desafios", colocando "o povo sudanês numa situação de vida ou de morte", segundo Brennan, diretor regional da OMS para situações de emergência.
Também hoje, a ONG Islamic Relief assinalou epidemias de sarampo em 11 dos 18 estados do Sudão, bem como "300 casos e sete mortes por cólera/diarreia aquosa aguda", no dia seguinte a uma reunião entre a organização e profissionais de saúde.
"Os relatos de uma provável epidemia de cólera são difíceis de confirmar na ausência de um laboratório de saúde pública operacional", salientou hoje a OMS.
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