O ministro da Defesa sérvio, Milos Vucevic, adiantou esta sexta-feira que a proibição de exportação é necessária para corresponder às necessidades do Exército sérvio e aumentar a sua prontidão de combate, perante a crise latente na região dos Balcãs.
"Isso não significa que a Sérvia vai para a guerra ou pede uma guerra, mas estamos a analisar todos os riscos e desafios de segurança", destacou Vucevic, citado pela agência Associated Press (AP).
O Presidente sérvio Aleksandar Vucic tinha anunciado esta posição pela primeira vez há vários dias, apontando como motivo a "segurança interna" na Sérvia, numa altura em que as tensões fervem com o vizinho Kosovo, uma ex-província sérvia cuja declaração de independência de 2008 Belgrado não reconhece.
Vucevic explicou que a decisão será revista após 30 dias.
A Sérvia tem como ambição aderir à União Europeia (UE), mas recusou-se a aderir às sanções ocidentais contra a Rússia.
As autoridades dos EUA e da UE intensificaram recentemente os esforços para fazer com que a Sérvia e Kosovo cheguem a um acordo, temendo uma possível nova instabilidade na Europa enquanto a guerra continua na Ucrânia.
A Sérvia enfrentou acusações de que estava a exportar armas para países sob proibição internacional, ou para a Rússia e a Ucrânia, mas o ministro da Defesa negou essas alegações.
Os Estados Unidos acusaram esta semana o chefe da agência de inteligência da Sérvia, Aleksandar Vulin, de estar "implicado no crime organizado transnacional, operações ilegais de narcóticos e uso indevido de cargos públicos".
"Vulin manteve um relacionamento mutuamente benéfico com o traficante de armas sérvio, Slobodan Tesic, ajudando a garantir que as remessas ilegais de armas de Tesic possam mover-se livremente pelas fronteiras da Sérvia", referiu Washington.
A Sérvia prometeu investigar as acusações dos EUA e a Procuradoria do Crime Organizado referiu esta sexta-feira que procurará informações e "evidências concretas" contra Vulin nos EUA, de acordo com a televisão estatal RTS.
Vulin, um associado próximo de Vucic, é conhecido pela sua postura pró-Rússia e foi nomeado chefe de espionagem da nação dos Balcãs no ano passado, depois de ter servido anteriormente como ministro da Defesa e do Interior.
Em agosto, Vulin visitou Moscovo, uma rara visita de um funcionário de um país europeu, que demonstrou os laços de Belgrado com Moscovo, apesar da sua condenação à invasão da Ucrânia.
Até agora, os EUA impuseram sanções a várias autoridades dos Balcãs, acusadas de corrupção e vistas como uma ameaça à paz e à estabilidade na região e por ajudarem a Rússia a "avançar com atividades malignas na Sérvia e na região".
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