"O silêncio do Governo preocupa-nos, mas era previsível. No ano passado tivemos cerca de sete dias em que o Governo continuava no silêncio e só depois disto é que voltámos à mesa de negociação. Não é um silêncio imprevisível", disse o porta-voz da AMM, Napoleão Henriques Viola, em conferência de imprensa, na Beira (centro do país), aludindo à falta de entendimento que permanece entre as partes.
O responsável avançou que até ao momento não houve nenhuma comunicação formal no sentido de negociação entre as partes, do lado do Governo.
"O Ministério da Saúde não convocou, como tem sido hábito, a AMM para se sentar à mesa de negociações. As negociações neste momento não estão a acontecer", afirmou ainda.
A greve convocada pelos médicos arrancou na passada segunda-feira, por um período de 21 dias e em protesto contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias, entre outras reivindicações, que tem feito aumentar o tempo de espera dos doentes nas diferentes unidades sanitárias do país.
"Nós continuaremos firmes e temos um período de greve, que são 21 dias, e vamos cumprir. E se acontecer alguma coisa antes dos 21 dias, nós, como direção da AMM, temos os mandatos para suspender ou para parar com a greve", frisou Napoleão Henriques Viola.
No entanto, acrescentou, o "mandato é de prosseguir com a greve".
"Havendo qualquer alteração do cenário, sob o ponto de vista negocial no acordo, iremos levar aos nossos membros em reunião nacional e os membros irão dizer qual é o seu veredicto final", adiantou.
A agremiação estima que 80% dos médicos de um universo de 3.000 profissionais na função pública estejam em greve.
Além dos médicos, a Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique também esteve em greve no mês passado, em contestação à aplicação da nova tabela salarial, tendo dado um prazo de 60 dias ao Governo para resolver, pelo menos, uma parte das reivindicações dos profissionais.
A implementação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores.
Leia Também: JMJ. Pelo menos 600 moçambicanos vão participar no evento