Fim do acordo de cereais? "Já estamos a ver os preços a subir"

O secretário de Estados dos Estados Unidos, Antony Blinken, exortou a Rússia a retomar o acordo que facilitou as exportações de cereais ucranianos no Mar Negro, que Moscovo hoje suspendeu, para evitar novas subidas dos preços.

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© Win McNamee/Getty Images

Lusa
17/07/2023 21:50 ‧ 17/07/2023 por Lusa

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"Já estamos a ver o mercado a reagir e os preços a subir. Isso é inconcebível. O acordo deve ser restabelecido o mais rápido possível", disse o secretário de Estado em conferência de imprensa.

O chefe da diplomacia norte-americana destacou que cerca de 32 milhões de toneladas de alimentos puderam deixar a Ucrânia durante o período em que o acordo de cereais esteve em vigor, desde agosto do ano passado.

Blinken acusou Moscovo de usar a fome como arma e disse estar convencido de que todos os países perceberão que "a Rússia é responsável por matar pessoas famintas em todo o mundo".

"Isso tem efeitos muito além da Ucrânia e da Rússia. Afeta países em todo o do mundo e milhões de pessoas, que dependem desses cereais. Logo, certamente instamos a Rússia a envolver-se de boa-fé e permitir a passagem livre dos navios" no Mar Negro, declarou noutra conferência de imprensa a vice-porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh.

Segundo o porta-voz da Segurança Interna da Casa Branca, John Kirby, a decisão da Rússia é "irresponsável e perigosa", afetando milhões de pessoas vulneráveis em todo o mundo. "Instamos a Rússia a revogá-la imediatamente", insistiu.

Kirby observou que os Estados continuarão a trabalhar com seus aliados para tentar retirar os cereais da Ucrânia.

Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, condenou hoje no Twitter a decisão da Rússia, apesar dos esforços da Turquia e da ONU.

O político norueguês acrescentou que "a guerra ilegal da Rússia contra a Ucrânia continua a prejudicar milhões de pessoas vulneráveis em todo o mundo", juntando as suas críticas a outras vozes de condenação dos principais aliados de Kyiv, como a Comissão Europeia, França, Reino Unido e Alemanha.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sustentou que, "mesmo sem a Rússia, tudo deve ser feito para usar este corredor" no Mar Negro.

"Não temos medo", disse, num comentário partilhado na rede social Facebook pelo seu porta-voz, Serguei Nykyforov.

A suspensão mereceu igualmente comentários do secretário-geral da ONU, António Guterres, a alertar que centenas de milhões de pessoas vão pagar pela decisão da Rússia de romper com o acordo.

O Presidente da Turquia afirmou, por sua vez, acreditar que o seu homólogo russo, Vladimir Putin, "quer manter" o acordo.

"Daremos passos nesse sentido, com um telefonema a Putin, sem esperar por agosto", declarou

Sob a mediação da ONU e de Ancara, Moscovo e Kyiv concordaram há um ano com uma série de medidas para garantir que navios carregados com cereais ucranianos pudessem aceder ao mercado internacional a partir dos postos do Mar Negro, em plena guerra motivada pela invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, tratando-se de dois dos maiores exportadores do mundo.

A Rússia declarou no início deste mês que Moscovo não via motivo para estender o acordo e decidiu suspendê-lo sob a alegação de que as sanções que sofre devido à agressão contra a Ucrânia impedem o cumprimento da parte do pacto que também deve garantir as exportações de alimentos russos e fertilizantes.

Na terça-feira, haverá uma reunião virtual do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia, mas segundo Singh essa reunião será centrada na contraofensiva ucraniana e nas necessidades de Kiev no campo de batalha.

Leia Também: EUA prontos para negociar com Coreia do Norte "sem pré-condições"

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