"É uma questão que deve ser discutida pelos nossos militares, porque é uma área próxima da zona de combate e, sem as devidas garantias, surgem certos riscos", afirmou Peskov ao ser questionado sobre a possibilidade de o acordo prosseguir sem a participação russa, como pretende a Ucrânia.
Peskov acrescentou que, se algo for feito sem a Rússia, "esses riscos devem ser levados em consideração".
"E aqui não podemos dizer que países e até que ponto estes estariam dispostos a correr esses riscos", disse.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu esta segunda-feira à ONU e à Turquia que prorroguem, sem a Rússia, a iniciativa que permite a exportação de cereais ucranianos a partir do Mar Negro, depois de o Kremlin ter anunciado a suspensão deste mesmo acordo na segunda-feira.
"Enviei cartas oficiais ao Presidente da Turquia [Recep Tayyip Erdogan] e ao secretário-geral da ONU, António Guterres, com a proposta de continuar a Iniciativa dos Cereais do Mar Negro ou seu equivalente em formato trilateral", disse Zelensky.
Segundo o Presidente, a Ucrânia, a ONU e a Turquia "podem garantir em conjunto a funcionalidade do corredor de alimentos e a fiscalização dos navios", que até segunda-feira permitiu a exportação de cereais a partir dos portos ucranianos.
O Kremlin disse na segunda-feira que "assim que a parte que se refere à Rússia" nos acordos for cumprida, os russos imediatamente voltarão a implementar o pacto.
Também hoje, Dmitri Peskov reiterou a disposição da Rússia de fornecer cereais gratuitamente aos países africanos.
"Infelizmente, estamos a falar de quantidades muito pequenas, porque os países mais pobres de África receberam menos cereais do que todos" os outros no âmbito da iniciativa do Mar Negro, alegou.
Peskov acusou também a Ucrânia de utilizar para fins militares o corredor marítimo destinado à exportação de cereais ucranianos, o que Kiev desmente.
As informações de ambas as partes não puderam ser verificadas de forma independente.
Leia Também: Acordo de cereais? "Atentado contra os interesses comuns da humanidade"