Israelitas marcham em direção a Jerusalém contra reforma de Netanyahu
Centenas de israelitas participaram hoje numa marcha iniciada terça-feira na estrada entre Telavive e Jerusalém, sede do parlamento, onde tencionam chegar sábado para protestar contra a reforma do sistema judicial proposta pelo Governo.
© Ilia yefimovich/picture alliance via Getty Images
Mundo Israel
"Perante o avanço da reforma, é altura de dar um golpe decisivo. Vai demorar vários dias. Precisamos de vocês, juntem-se a nós", disse Shikma Bressler, organizadora do movimento de protesto, num curto vídeo divulgado publicamente.
A marcha de 70 quilómetros começou na terça-feira à noite, após mais um dia de manifestações que juntou milhares de israelitas para protestar contra o projeto de reforma apresentado pelo governo de direita e extrema-direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que consideram uma ameaça à democracia.
"Vamos montar tendas à volta do Knesset", disse à AFP o deputado Moshe Radman, 38 anos, trabalhador na área da alta tecnologia, um dos manifestantes que se comprometeu a chegar sábado à noite ao parlamento israelita, acrescentando estar esperançoso de que o governo "ouça a nação e acabe com a destruição".
Na semana passada, o Knesset votou, numa primeira leitura, uma medida de reforma destinada a anular a possibilidade do poder judicial se pronunciar sobre a "razoabilidade" das decisões governamentais.
A partir de segunda-feira à noite, a Comissão Parlamentar de Justiça israelita deverá submeter esta medida à apreciação dos deputados para uma segunda e terceira leituras.
Em janeiro, esta cláusula de "razoabilidade" obrigou Netanyahu a demitir o número dois do governo, Arie Dery, condenado por fraude fiscal, na sequência da intervenção do Supremo Tribunal.
A reforma defendida pelo governo, um dos mais à direita da história de Israel, tem como objetivo aumentar o poder dos representantes eleitos, em detrimento do poder judicial.
O Governo considera que é necessária para assegurar um melhor equilíbrio de poderes, mas os seus críticos veem-na como uma ameaça à democracia e às suas garantias institucionais.
O anúncio do projeto, em janeiro deste ano, desencadeou um dos maiores movimentos de protesto da história de Israel, mobilizando semanalmente dezenas de milhares de manifestantes em todo o país.
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