Macron reafirmou hoje - depois de ter remodelado o seu Governo na quinta-feira, integrando oito novos membros - a sua confiança na primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, que manteve no cargo.
O chefe de Estado francês - que falou ao público, de forma excecional, no início do primeiro Conselho de Ministros após a remodelação do Governo - declarou que este novo Executivo tem um rumo político "claro", que é "a independência do país para poder consolidar um modelo justo".
Sobre os violentos distúrbios que eclodiram em França, após a morte em 27 de junho de um menor pela polícia quando tentava escapar de um controlo de trânsito, Macron insistiu que falta simultaneamente "autoridade, respeito e esperança legítima".
O presidente francês observou que as crises que o país viveu revelaram o risco de "fragmentação" e "divisão" da nação.
Macron sublinhou que será necessário "tirar lições do que aconteceu" e "dar respostas profundas", que será uma das prioridades para o novo rumo político no regresso das férias.
Trata-se de "dar uma resposta às preocupações e aos desafios do momento. Esta resposta tem de ser humanista. Trata-se de uma exigência de autoridade, de ordem. Também por uma vontade de emancipação e de continuar a formar cidadãos e cidadãs", afirmou.
O chefe de Estado estabeleceu quatro linhas principais de ação para sua política, a começar pela "reindustrialização e pleno emprego".
"Só a produzir mais, consolidando a independência, poderemos continuar a ter um modelo social que é um dos mais generosos do mundo, mas que deve ser mais justo, ou seja, corrigir as desigualdades de partida", afirmou.
As demais ações são "o estabelecimento das bases para uma profunda reforma do sistema escolar", o "planeamento ecológico" e o fortalecimento da "ordem republicana".
Em resposta a quem aponta que o sistema político está bloqueado porque o Governo não tem maioria absoluta na Câmara dos Deputados, Macron reivindicou ter aprovado mais medidas no ano passado do que há seis anos, antes de chegar ao Governo.
"O país avança com um só objetivo: independência e justiça", disse.
Macron disse aos membros do seu Governo que é preciso agir "com exigência e exemplarmente", mas também com "eficiência".
De acordo com a AFP, quatro agentes da polícia suspeitos de terem agredido violentamente um jovem em Marselha (sudeste), à margem dos distúrbios de há três semanas, foram acusados e um deles está sob custódia.
Os quatro responsáveis foram acusados durante a noite de quinta para sexta-feira por violência por parte de um titular de autoridade pública com uso ou ameaça de arma, resultando em incapacidade total para o trabalho superior a 8 dias.
São acusados de ter espancado um jovem de 21 anos no centro de Marselha na noite de 01 para 02 de julho, quando esta e outras cidades no país estavam tomadas por violentos distúrbios após a morte de Nahel, um adolescente de 17 anos morto por um agente policial em Nanterre, na região de Paris, durante uma fiscalização de trânsito.
Em seguida hospitalizado, poucos dias após os fatos, o jovem Hedi havia afirmado ao jornal regional La Provence ter sido atingido por um grupo de quatro a cinco pessoas que identificou como polícias da Brigada Anticrime (BAC).
Leia Também: Macron remodela Governo após protestos contra lei das pensões e distúrbios