Ex-oficial russo Igor Girkin fica em prisão preventiva até 18 de setembro

A Justiça russa ordenou a prisão do ex-oficial russo Igor Girkin, um dos maiores críticos da falta de ganhos militares da Rússia na Ucrânia, e que permanecerá em prisão preventiva até 18 de setembro.

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Lusa
21/07/2023 20:54 ‧ 21/07/2023 por Lusa

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Rússia

Girkin, conhecido como "Strelkov" (atirador) e que é reclamado pelas autoridades neerlandesas pelo abate do voo MH17 da Malaysia Airlines em 2014, foi hoje detido e permanecerá em prisão preventiva quase dois meses, por decisão da juíza Olesia Mendeleeva, durante uma audiência realizada no Tribunal Meshanski, em Moscovo.

Detido esta manhã em sua casa, Girkin é acusado de incitação ao extremismo, ao abrigo do artigo 280.º do Código Penal, em duas mensagens publicadas no Telegram em maio de 2022.

Nessas mensagens, expressou preocupação com a situação na península da Crimeia, anexada pela Rússia, e com o não pagamento aos soldados.

"As declarações do instrutor de que posso fugir para o exterior são abertamente ridículas, já que sou procurado pela Interpol na maioria dos países do mundo e fui condenado por um tribunal em Haia a prisão perpétua por um crime que não cometi", afirmou.

Através das redes sociais, "Strelkov" tem criticado fortemente o rumo da invasão militar russa na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, acusando o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, de negligência criminosa.

O antigo oficial também criticou duramente o Presidente russo, Vladimir Putin, e antecipou no início de junho que o líder do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, lideraria uma rebelião contra as chefias militares de Moscovo, o que finalmente ocorreu no dia 24 daquele mês, mas sem sucesso.

Igor Girkin foi detido por agentes da FSB (serviço de segurança da Federação Russa) após ser denunciado por um membro da Wagner, grupo com o qual mantém relações inconstantes, segundo a imprensa.

Em outubro de 2022, Girkin foi para o Donbass - região no leste da Ucrânia disputada pela Rússia no âmbito da invasão em curso e palco de conflito provocado por grupos separatistas pró-russos desde 2014 - para participar diretamente na luta, mas voltou a Moscovo dois meses depois, após reconhecer que a tentativa de ocupação "não teve sucesso".

Girkin, por quem Kiev ofereceu uma recompensa de 100 mil dólares (90 mil euros ao câmbio atual), liderou um levantamento armado no Donbass em 2014, que levou a uma guerra entre milícias separatistas pró-Rússia e o Exército ucraniano.

Participou também na anexação ilegal da Crimeia, no mesmo ano, e foi titular da defesa, igualmente em 2014, na autoproclamada república popular de Donetsk, no Donbass.

Na altura, reconheceu à agência EFE que o FSB o proibia terminantemente de deixar o país por questões de segurança pelo seu alegado envolvimento no abate do voo MH17 na região de Donetsk, e pelo qual "Strelkov" foi em novembro condenado à revelia pela justiça neerlandesa a prisão perpétua.

"Receber a prisão perpétua dos inimigos é como uma medalha", disse à EFE durante o julgamento, no qual foi responsabilizado pela queda de um Boeing 777 da Malaysia Airlines, que fazia a rota Amesterdão-Kuala Lumpur, atingido por um míssil terra-ar pelos separatistas russos na região do Donbass, provocando a morte de 298 passageiros e tripulantes.

Em abril passado, criou o Clube dos Patriotas Furiosos, que não é uma organização extremista, segundo Pavel Gubarev, correligionário do preso, citado pela EFE.

"Igor não é um criminoso ou extremista", disse aos repórteres junto ao tribunal, onde ergueu uma faixa com os dizeres "Liberdade para 'Strelkov'. Glória à Rússia".

Há poucos dias, outro aliado de Girkin, o ex-coronel dos serviços secretos Vladimir Kvachkov, também foi acusado de desacreditar as Forças Armadas.

Leia Também: Rússia detém Igor Girkin acusado pelo abate do voo MH17

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