Um colaborador do líder da oposição russa, Alexei Navalny, foi condenado na sequência das acusações de extremismo que pendiam sobre ele, numa altura em que o Kremlin continua a reprimir os ativistas políticos no país, reporta a Associated Press.
Vadim Ostanin, que anteriormente dirigia o gabinete de Navalny na cidade de Barnaul, no sul da Sibéria, foi condenado a nove anos de prisão numa colónia penal, após ter sido considerado culpado de organizar uma comunidade extremista, e de pertencer a uma organização sem fins lucrativos que "infringe os direitos dos cidadãos", escreveu a equipa de Navalny nas redes sociais. Ostanin, 46 anos, dirigiu ainda a Fundação Anticorrupção em Barnaul, na região siberiana de Altai.
Os procuradores tinham pedido anteriormente que o homem, de 46 anos, fosse preso durante 11 anos.
Em junho de 2021, as organizações de Navalny foram consideradas extremistas pelos tribunais russos, expondo os respetivos membros a graves processos judiciais.
Muitos dos ativistas fugiram para o estrangeiro para evitar a prisão, mas Ostanin permaneceu na Rússia e foi detido em dezembro de 2021, juntamente com outros cinco aliados de Navalny.
O Ministério Público exigiu 11 anos de prisão para Ostanin, segundo o portal Sibir Realii.
"Vadim Ostanin foi julgado por trabalho político legal. (...) Ele estava a falar sobre pessoas locais corruptas, ajudando os habitantes da região de Altai", disse a equipa de Navalny.
Ostanin, pai de uma filha menor, foi pressionado a assinar uma confissão pelos investigadores, que alegadamente lhe prometeram ver familiares detidos em troca, mas recusou-se a declarar-se culpado, disse o movimento de Navalny.
Numa carta, Ostanin denunciou que tinha sido mantido em celas insalubres em Barnaul: "Os ratos saíam de um buraco no chão [da casa de banho] e vagueavam pela cela se não se gritasse com eles", escreveu.
A organização não-governamental Memorial, entretanto dissolvida, reconhecia Ostanin como prisioneiro político, segundo o jornal The Moscow Times.
Em meados de junho, Lilia Chanycheva, antiga coordenadora da equipa de Navalny em Ufa, na república russa do Bascortostão, foi condenada a sete anos e meio de prisão também por extremismo.
O Ministério Público russo pediu também mais 10 anos de prisão para o diretor técnico do projeto de Navalny no YouTube, Daniel Kholodny.
Alexei Navalny, que foi condenado em 2022 a nove anos de prisão por acusações de fraude que considera fictícias, aguarda um novo veredicto, previsto para 4 de agosto, que poderá condená-lo a mais 20 anos de cadeia.
No novo processo, é acusado de vários crimes, incluindo a criação de uma "comunidade extremista".
Navalny foi detido em janeiro de 2021 na colónia penal IK-6, na região russa de Vladimir, quando regressou a Moscovo vindo de Berlim, onde tinha estado a recuperar do envenenamento com a substância neurotóxica novichok.
Tanto Navalny como os governos ocidentais atribuíram o envenenamento aos serviços de segurança do Presidente russo, Vladimir Putin.
O Kremlin (Presidência russa) tem negado sistematicamente qualquer responsabilidade pelo incidente.
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