NATO aumenta vigilância no Mar Negro face a "ações perigosas" da Rússia

O secretário-geral da NATO condenou hoje a "cínica utilização" pela Rússia dos cereais provenientes da Ucrânia "como uma arma" e anunciou a intenção de a Aliança Atlântica reforçar a vigilância no Mar Negro.

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© Omar Havana/Getty Images

Lusa
26/07/2023 18:14 ‧ 26/07/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"Condenámos a saída da Rússia do acordo para os cereais, a sua cínica utilização da fome como uma arma, e as suas ações perigosas no Mar Negro", escreveu Jens Stoltenberg na rede social Twitter depois de uma reunião entre embaixadores do Conselho NATO-Ucrânia.

Stoltenberg acrescentou que os Estados-membros da Aliança Atlântica aumentarão a vigilância naquela região.

O Conselho NATO-Ucrânia foi formalmente criado no início do mês e a primeira reunião realizou-se logo após a conclusão dos trabalhos da Cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), na Lituânia.

A organização tem como propósito aproximar ainda mais a Ucrânia do bloco político-militar e possibilitar sinergias entre o país invadido pela Federação Russa em 24 de fevereiro do ano passado e os 31 Estados-membros da Aliança Atlântica.

O conselho foi considerado pelo Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, como um passo em frente para uma futura adesão da Ucrânia à NATO.

A Rússia suspendeu no dia 17 de julho o acordo para exportação de cereais da Ucrânia através do Mar Negro, que estava a vigorar há quase um ano.

Moscovo justificou a decisão de se retirar do acordo com o bloqueio das sanções ocidentais às exportações dos seus produtos e fertilizantes agrícolas.

As exigências da Rússia para retomar a sua participação incluem a reintegração do seu banco agrícola, Rosselkhozbank, no sistema bancário internacional SWIFT, o levantamento das sanções sobre as peças sobresselentes para a maquinaria agrícola, o desbloqueamento da logística de transportes e dos seguros e o descongelamento de ativos.

As autoridades russas pretendem ainda a reabertura do oleoduto Togliatti-Odessa, destinado à exportação de amoníaco, componente decisivo para os fertilizantes russos. Esta estrutura, fora de serviço desde o início do conflito em curso na Ucrânia, foi danificada por uma explosão a 05 de junho, ação que Moscovo atribuiu a Kiev.

Na terça-feira, a Rússia defendeu, numa resposta à ONU, ser atualmente "impossível" retomar os acordos que permitiram a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro, insistindo que os compromissos com o lado russo não foram cumpridos.

"Infelizmente, atualmente, é impossível retomar esse acordo, porque não foi cumprido", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na habitual conferência de imprensa diária, feita telefonicamente.

O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, continua a tentar reavivar o acordo.

A Ucrânia é origem de percentagem significativa dos cereais que chegam, por exemplo, a países em África e a União Europeia e a NATO acusam Moscovo de colocar em causa a segurança alimentar em grande parte do mundo.

A Rússia tem atacado os portos ucranianos na região de Odessa, especialmente os terminais de exportação de cereais, numa base quase diária desde há uma semana.

Leia Também: Ucrânia diz ter abatido mísseis de cruzeiro russos vindos do Mar Negro

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