Golpe de Estado num país democrático e pobre que luta contra o terrorismo
O Níger, onde está a decorrer uma tentativa de golpe de Estado, é um país democrático e um grande exportador de urânio, mas é afetado por altos níveis de pobreza e vários grupos terroristas islâmicos.
© Omer Urer/Anadolu Agency via Getty Images
Mundo Níger
Fazendo fronteira com a Argélia e a Líbia, a norte, e com o Mali, a oeste, e o Chade, a este, para além como vizinhos o Burkina Faso, o Benim e a Nigéria, a sul, o país está no centro da região do Sahel, tendo como Presidente Mohamed Bazoum e como líder dos golpistas do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP) o Coronel-Major Amadou Abdramane.
Na quarta-feira, Abdramane apareceu na televisão estatal, juntamente com mais outros nove militares fardados, para anunciar que tomou o poder no país e que controla o palácio presidencial, que está isolado.
A comunidade internacional, incluindo o secretário-geral das Nações Unidas, a antiga potência colonial, a França, e a Organização da Francofoconia, para além da União Europeia, União Africana e dos Estados Unidos, condenaram o golpe e exigiram a libertação do Presidente, entretanto detido pelas forças revolucionárias.
O Níger tem servido de base para as operações francesas na região, depois da saída da força Barkhane do Mali, na sequência do aumento da presença dos paramilitares do grupo russo Wagner, e perante a condenação internacional da preferência maliana pela ajuda russa em vez da ocidental.
A França tem agora 1.500 soldados no país, para além de cinco drones Reaper e pelo menos três caças Mirage, segundo a agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), que dá conta da importância da manutenção da estabilidade neste país para a região do Sahel, uma extensa faixa de território em África que se estende desde o Senegal até à Eritreia.
Tendo ganho a independência da França em 1960, este país desértico no coração do Sahel tem uma população de cerca de 26 milhões de habitantes, com mais de metade a viver em situação de pobreza, ou seja, com menos de 2,15 dólares por dia, de acordo com o Banco Mundial, que já expressou preocupação com a evolução da situação.
Com 6,8 filhos por mulher em 2021, o país detém o recorde mundial de fertilidade, e quase meio milhão de crianças com menos de cinco anos têm graves problemas de desnutrição, mais do que no Mali ou no Burkina Faso.
O país enfrenta um forte fluxo de refugiados que fogem dos conflitos na Nigéria e no Mali, com a ONU a estimar que existam de mais de 255 mil refugiados até ao ano passado.
Desde os anos 60, o país já enfrentou quatro golpes de Estado, o último dos quais em fevereiro de 2010, derrubando o então Presidente Mamadou Tandjaplus, mas as tentativas são frequentes, para além das rebeliões tuaregues, a última das quais durou entre 2007 e 2009.
Em abril de 2021, o Níger viveu a sua primeira transição democrática entre dois presidentes eleitos, mas o atual chefe de Estado tomou posse em plena crise, dois dias depois de mais uma alegada tentativa de golpe de Estado.
Para além da instabilidade política, que diminuiu consideravelmente desde 2021, o país enfrenta também ataques extremistas de origem islâmica dos grupos ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico no Sahel, a oeste, e ao Boko Haram e ao Estado Islâmico na África Ocidental (Iswap), no sudeste.
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