"Estamos em 2023 e a Federação da Rússia está envolvida num conflito armado com um vizinho. Penso ser necessário adotar uma certa atitude face às pessoas que nos provocam danos no interior do país", declarou, no decurso de uma conferência de imprensa com jornalistas russos.
"Devemos manter presente que, para ter sucesso, incluindo na zona de conflito, é necessário seguir certas regras", prosseguiu, citado pela agência noticiosa AFP.
Vladimir Putin respondia a uma pergunta de um jornalista do diário russo Kommersant que lhe pediu para comentar as recentes detenções do politólogo Boris Kagarlitsky e da encenadora Evguenia Berkovitch.
"Essas pessoas foram detidas por palavras que disseram ou escreveram, isso é normal", perguntou o jornalista, ao estabelecer um paralelo com as purgas estalinistas da segunda metade da década de 1930.
O politólogo Boris Kagarlitsky, especializado nos movimentos de esquerda na Rússia, foi indiciado esta semana por "apelos públicos ao terrorismo" e colocado em prisão preventiva em Syktyvkar, no Grande Norte russo. Exprimiu publicamente a sua oposição à ofensiva na Ucrânia.
Evguenia Berkovitch foi detida no início de maio e acusada de "apologia do terrorismo" por uma peça que encenou em 2020, uma história de mulheres russas recrutadas na internet para casarem com islamistas na Síria.
Vladimir Putin disse que escutava estes dois nomes "pela primeira vez" e que não "sabia efetivamente o que fizeram", acrescentando que fornecia uma "opinião geral sobre o problema".
Desde o início da ofensiva das tropas russas na Ucrânia e a adoção de leis que proíbem qualquer crítica ao conflito e às Forças Armadas, diversos 'media' independentes russos foram forçados a suspender a sua atividade ou deixar o país, enquanto muitos opositores se exilaram ou foram detidos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, segundo a ONU, a maior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
Leia Também: Putin afirma que retirou as suas tropas de Kyiv porque lhe foi "pedido"