Num comunicado lido pelo presidente da Comissão da UEMOA, Abdoulaye Diop, após uma cimeira extraordinária realizada em Abuja (Nigéria), a organização regional anunciou o encerramento das fronteiras terrestres e aéreas entre o Níger e os seus países-membros e a proibição de que voos originários ou destinados a esse país sobrevoem a referida zona económica.
A UEMOA também determinou suspender "todas as transações comerciais e financeiras", incluindo as relacionadas com produtos petrolíferos e eletricidade, para além de ter anunciado o congelamento dos ativos financeiros e monetários do Estado nigerino no Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) e nos bancos dos países da organização, bem como dos ativos financeiros e monetários das empresas públicas e semi-públicas.
A UEMOA suspendeu ainda as transações financeiras entre bancos do Níger e de outros países da união económica e todas as ajudas e transações financeiras a favor do país, nomeadamente do Banco de Desenvolvimento da África Ocidental (BOAD).
Por fim, a organização proibiu deslocações dos autores do golpe de Estado e de qualquer civil ou militar que participe em instituições estatais após o pronunciamento, bem como dos seus familiares, e anunciou o congelamento dos seus bens financeiros e o confisco dos seus bens.
No final da cimeira hoje realizada na Nigéria, os chefes de Estado e de Governo da UEMOA reafirmaram que apenas reconhecem como "único chefe de Estado do Níger, o Presidente Mohamed Bazoum", deposto na passada quarta-feira.
O Presidente Mohamed Bazoum foi afastado na quarta-feira à noite por militares e detido no palácio presidencial, sob a supervisão da Guarda Presidencial, cujo líder, o general Omar Abdourahmane Tchiani, foi nomeado presidente do CNSP.
Depois do Mali e do Burkina Faso, o Níger, até então aliado dos países ocidentais, torna-se o terceiro país do Sahel - minado por ataques de grupos ligados ao Estado Islâmico (EI) e à Al-Qaida - a viver um golpe de Estado desde 2020.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) lançou hoje um ultimato aos golpistas do Níger, afirmando que não exclui o recurso à força se não libertarem o presidente deposto, e não o devolverem ao poder no prazo de uma semana.
A CEDEAO "tomará todas as medidas necessárias para restaurar a ordem constitucional na República do Níger" e estas "podem incluir o uso da força", disse o presidente da Comissão da organização, Omar Touray, em declarações divulgadas pela imprensa nigeriana, após a realização de uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo do bloco em Abuja, a capital política da Nigéria.
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