Líderes da África Ocidental, reunidos numa cimeira extraordinária no domingo, condenaram o golpe e deram uma semana aos responsáveis para restaurar as funções do presidente deposto Mohamed Bazoum, sob pena de recorrer à força, prevendo uma reunião dos chefes de gabinete dos países membros.
Um ex-combatente jihadista, em entrevista à Associated Press (AP), defendeu hoje que o golpe no Níger apenas vai encorajar os extremistas islâmicos e aumentar a capacidade de recrutar no país e a violência, ameaçando ainda mais a estabilidade da região africana do Sahel.
Boubacar Moussa, que disse ser um ex-membro do grupo JNIM ligado à Al Qaeda e que já operou no Mali, considerou que o golpe pode tornar mais difícil melhorar a deterioração da situação de segurança no Níger.
Os líderes do golpe no Níger, que derrubaram o presidente do país na semana passada, juntaram-se aos vizinhos Mali e Burkina Faso para argumentar que um governo militar pode proteger melhor o país da violência de militantes islâmicos.
No entanto, Boubacar Moussa, disse que o golpe que derrubou o presidente democraticamente eleito do Níger, Mohamed Bazoum, será bem recebido pelos jihadistas porque "é uma ocasião para convencer outros a juntarem-se" ao grupo.
"Os jihadistas apoiam muito este golpe que aconteceu no Níger", disse Boubacar Moussa, de 47 anos, contando ter sido sequestrado em 2019 por extremistas de uma vila no Níger e levado para Mali, onde foi forçado a trabalhar.
Contou também que estava com o Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos JNIM (Jama'at Nusrat al-Islam wal-Muslimin) no Mali quando experimentou o primeiro dos dois golpes em 2020 e disse que os jihadistas viram como uma oportunidade a queda do governo do Mali.
Boubacar Moussa integra agora um programa nacional no Níger que encoraja combatentes jihadistas a desertar e a reintegrar-se na sociedade. O programa foi criado por Mohamed Bazoum, quando era ministro do Interior, para conter a violência que há anos afeta partes do Níger e a região do Sahel, uma extensa área a sul do deserto do Saara.
A AP ressalva que não pode verificar se Boubacar Moussa lutou pelo JNIM ou se foi sequestrado pelo grupo. No entanto, confirma que foi integrado no programa e aceite como ex-jihadista, sendo apresentado como um exemplo de sucesso inicial.
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