Em comunicado, o grupo, que convocou uma nova manifestação pró-golpe e antifrancesa para quinta-feira, insta a junta militar, no poder após o golpe de quarta-feira, a condicionar a saída dos estrangeiros à "retirada imediata das forças estrangeiras".
Apela aos cidadãos da capital Niamey para "uma mobilização geral", nomeadamente em quatro dos seus bairros próximos do aeroporto, para estabelecer "um acampamento popular pacífico todos os dias ao nível da rotunda do aeroporto, até à saída definitiva das forças estrangeiras do território do Níger".
Na nota, a organização denuncia a operação de retirada de cidadãos franceses e europeus, que começou terça-feira. Até ao momento, foram retirados 350 civis franceses em vários voos, incluindo cidadãos de outros países, como Portugal, Bélgica, Estados Unidos, Canadá e o próprio Níger. Um terceiro voo de regresso está previsto para hoje.
No seu comunicado, o M62 critica as sanções decretadas pela União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) e a decisão "injusta" da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que está a considerar uma possível intervenção militar no Níger, se a ordem constitucional não for restabelecida.
"Tendo em conta que as pessoas afetadas pela evacuação são todas europeias, esta é uma forma de expor os africanos e também os cidadãos da CEDEAO e da UEMOA, enquanto os cidadãos da União Europeia (UE), em particular os franceses, estão a ser poupados", lê-se na nota.
A ONG sublinha que a evacuação "urgente" efetuada pela França "testemunha as suas reais intenções de intervir militarmente no Níger para proteger os seus interesses, mesmo que tenha de matar milhares de nigerinos".
No seu comunicado, o coletivo pede também a suspensão dos canais franceses RFI e France24, e apela à população para que se mantenha mobilizada face a "possíveis ações" contra o país.
De momento, não está prevista a retirada dos cerca de 1.500 soldados franceses atualmente estacionados no Níger para apoiar o país na luta contra o terrorismo, nem dos 1.000 americanos destacados para treinar as forças nigerinas.
O Níger está a viver uma situação de instabilidade política desde quarta-feira passada, quando uma junta militar organizada sob a égide do Conselho Nacional para a Salvaguarda do Povo (CNSP) deu um golpe de Estado e anunciou a destituição do Presidente Mohamed Bazoum, o encerramento das fronteiras terrestres e aéreas e a suspensão da Constituição.
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