O opositor russo Alexei Navalny foi, esta sexta-feira, condenado a mais 19 anos de prisão. O político, que já se encontrava a cumprir uma pena de nove anos pelo crime de fraude, foi agora condenado pelo crime de extremismo. Após a decisão, foram vários os responsáveis do Ocidente que exigiram a sua libertação e condenaram a Rússia.
O próprio Navalny reagiu à condenação, afirmando que o número de anos da sentença "não importa" e é uma forma de "amedrontar" os russos da "vontade de resistir".
"19 anos numa colónia penal de segurança máxima. O número de anos não importa. Compreendo perfeitamente que, tal como muitos presos políticos, estou a cumprir uma pena de prisão perpétua. Onde a vida é medida pelo tempo da minha vida ou pelo tempo de vida deste regime", começou por referir na rede social X (antigo Twitter).
"O número da sentença não é para mim. É para vós. Vocês, não eu, estão a ser amedrontados e privados da vontade de resistir. Estão a ser forçados a entregar o vosso país, a Rússia, sem luta, ao bando de traidores, ladrões e canalhas que tomaram o poder. Putin não pode atingir o seu objetivo. Não percam a vontade de resistir", instou ainda.
19 years in a maximum security penal colony. The number of years does not matter. I perfectly understand that, like many political prisoners, I am sitting on a life sentence. Where life is measured by the term of my life or the term of life of this regime.
— Alexey Navalny (@navalny) August 4, 2023
The sentencing figure…
Já o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que o "veredito tem motivações políticas e demonstra a contínua instrumentalização do sistema jurídico russo". Neste sentido, sublinhou no X, a "União Europeia apela à Rússia que o liberte imediatamente e sem condições".
.@Navalny was sentenced to another 19y in prison for legitimate political & anti-corruption activities. This verdict is politically motivated & demonstrates the continued instrumentalisation of the Russian legal system
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) August 4, 2023
EU calls on Russia for his immediate & unconditional release https://t.co/s2sMmMVNN5
Pela mesma via, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também considerou que "o último veredito de mais um julgamento fictício contra Alexei Navalny é inaceitável". "Esta condenação arbitrária é a resposta à sua coragem de falar criticamente contra o regime do Kremlin. Reitero o apelo da UE à libertação imediata e incondicional de Alexei Navalny", escreveu.
The latest verdict in yet another sham trial against Alexey @navalny is unacceptable. This arbitrary conviction is the response to his courage to speak critically against the Kremlin’s regime.
— Charles Michel (@CharlesMichel) August 4, 2023
I reiterate the EU's call for the immediate and unconditional release of Mr. Navalny.
Num comunicado, o alto-comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Volker Turk, alertou que a condenação "levanta novas preocupações sérias sobre o assédio judicial e a instrumentalização do sistema judicial para fins políticos na Rússia" e instou as autoridades russas a cessar "imediatamente as violações dos direitos humanos de Navalny".
Logo após o anúncio da sentença, também a França condenou "com a maior veemência" a pena adicional e o "assédio judicial" contra o ativista russo.
"Pedimos mais uma vez às autoridades russas que libertem o Sr. Navalny imediata e incondicionalmente, assim como todos os presos políticos", disse uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França.
Já a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, considerou que a nova decisão judicial contra o opositor do regime russo é "uma flagrante injustiça". "Putin teme sobretudo aqueles que se opõem à guerra e à corrupção e que defendem a democracia, mesmo que a partir de uma cela de prisão", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros, no X.
Dass Russlands Willkürjustiz Alexej #Nawalny weitere 19 Jahre wegsperrt, ist blankes Unrecht. Putin fürchtet nichts mehr als Eintreten gegen Krieg & Korruption und für Demokratie - selbst aus der Gefängniszelle heraus. Er wird damit kritische Stimmen nicht zum Schweigen bringen.
— Außenministerin Annalena Baerbock (@ABaerbock) August 4, 2023
Sublinhe-se que o opositor do regime do presidente russo estava a cumprir pena em liberdade condicional após ter sido acusado de fraude – uma acusação que diz ter sido fabricada – quando foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novitchok, em agosto de 2020.
Após aquela que considera ser uma tentativa de assassinato por parte do Kremlin, o opositor de 47 anos foi transferido, a pedido da mulher, da Sibéria para a Alemanha para recuperar. Foi detido ao voltar para a Rússia, a 17 de janeiro de 2021.
Inicialmente, recebeu uma sentença de dois anos e meio de prisão por violação da liberdade condicional, mas, no ano passado, foi condenado a nove anos de prisão por "fraude" e "desrespeito do tribunal". Agora, somam-se mais 19 pelo crime de extremismo.
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