Presidente da Argélia rejeita intervenção militar da CEDEAO no Níger
Argel, 06 ago 2023 (Lusa) -- O Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, disse no sábado à noite que o país recusa "categoricamente qualquer intervenção militar" da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no Níger como "uma ameaça direta à Argélia".
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Mundo Níger
"Não haverá solução sem nós [Argélia]. Somos os primeiros afetados", disse Tebboune, numa entrevista transmitida pela televisão argelina. "A Argélia partilha quase mil quilómetros" de fronteira com o Níger, recordou.
"Em que situação estão hoje os países que sofreram uma intervenção militar?" perguntou o chefe de Estado argelino, apontando como exemplo a Líbia e a Síria, dois países que vivem há anos em guerra civil.
A 30 de julho, quatro dias após o golpe que derrubou o Presidente eleito do Níger, Mohamed Bazoum, a CEDEAO deu aos militares um ultimato, cujo prazo termina hoje, para restabelecerem a ordem constitucional, sob pena do recurso à "força".
Tebboune lembrou que o Mali e o Burkina Faso, vizinhos do Níger governados também por militares após golpes de Estado, "estão prontos para entrar na batalha" ao lado do Níger. Em caso de intervenção militar "todo o Sahel será incendiado", alertou.
O Mali e o Burkina Faso, que estão suspensos dos órgãos de governo da CEDEAO, declararam que qualquer intervenção armada no Níger seria considerada "uma declaração de guerra" e teria como consequência a sua retirada do bloco da África Ocidental.
Tebboune sublinhou que a Argélia -- que não faz parte da CEDEAO -- é pela "legitimidade institucional". Os golpistas do Níger "devem regressar a essa legitimidade. Estamos prontos para ajudá-los a se unirem", garantiu o Presidente.
"A Argélia não usará a força com os seus vizinhos", prometeu o chefe de Estado. "Os nigerinos respeitam a Argélia e não se aproximarão das fronteiras argelinas", acrescentou.
O general Mousa Salaou Bramou, nomeado no sábado Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Níger, recebeu na sexta-feira uma delegação da CEDEAO, que se deslocou à capital, Niamey, para tentar iniciar uma negociação com os golpistas.
Os contornos de uma "possível intervenção militar" contra os militares golpistas no Níger foram "definidos", confirmou na sexta-feira o comissário para os Assuntos Políticos e de Segurança da CEDEAO, Abdel-Fatau Musah.
Ainda assim, a CEDEAO continua a privilegiar a via diplomática para resolver a crise, garantiu Musah, no final de uma reunião de três dias, na capital da Nigéria, Abuja, dos chefes de Estado-Maior da organização.
Vários países da África Ocidental, como o Senegal e a Costa do Marfim, disseram estar prontos para enviar soldados, avançou à agência de notícias France-Presse uma fonte da delegação da Costa do Marfim em Abuja, que pediu anonimato.
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