O porta-voz para a área da política externa do Partido Social-Democrata alemão (SPD), Nils Schmid, não excluiu em recentes declarações ao jornal Der Tagesspiegel o envio deste tipo de armamento (mísseis Taurus) a Kyiv, juntamente com os Estados Unidos, recordou hoje o diário Welt.
Por sua vez, o deputado do SPD Andreas Schwarz assegurou no portal noticioso digital Spiegel ser favorável a essa possibilidade, ao argumentar que a contraofensiva ucraniana está a falhar porque Kyiv "não tem uma força aérea significativa para a apoiar".
Em simultâneo, a responsável pelo setor da Defesa dos Verdes (que também integra a coligação governamental alemã), Agnieszka Brugger, também se mostrou a favor, indicando que a Alemanha e a Ucrânia abordaram e concordaram sobre a criação de zonas de exclusão de uso destes mísseis.
O vice-presidente do comité da Rada (parlamento ucraniano) sobre Segurança Nacional, Defesa e Informações, Yehor Chernev, afirmou hoje que as principais forças parlamentares na Alemanha chegaram a um acordo sobre esta questão, apesar de ainda não existir confirmação oficial.
Em maio, as autoridades ucranianas solicitaram à Alemanha o envio destes mísseis, apesar de o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, não ter fornecido tal autorização, pelo facto destes equipamentos possuírem um alcance de 500 quilómetros, permitindo assim a Kyiv atingir infraestruturas militares russas mais recuadas.
Por seu turno, e seguindo os passos do Reino Unido, a França anunciou na cimeira da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco militar ocidental), em meados de julho, a entrega à Ucrânia de mísseis franco-britânicos de longo alcance Scalp.
O Ministério da Defesa alemão indicou no final de maio à agência de notícias francesa AFP ter recebido um pedido oficial de Kyiv sobre o fornecimento de mísseis Taurus, transportados por caças e fabricados pela empresa germano-sueca com o mesmo nome.
A Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) dispõe de cerca de 600 unidades, 150 das quais operacionais, segundo o deputado liberal Marcus Faber, membro da comissão de Defesa do Bundestag (câmara baixa do parlamento federal alemão).
No contexto da difícil contraofensiva lançada pela Ucrânia contra as tropas russas, o embaixador ucraniano em Berlim reiterou recentemente este pedido e recebeu o apoio tanto da oposição conservadora como dos ecologistas e dos liberais do FDP, membros da coligação governamental liderada pelo chanceler social-democrata Olaf Scholz.
Mas o partido de Scholz receia uma escalada do conflito com a Rússia no caso de este tipo de armamento ser disponibilizado à Ucrânia.
A Alemanha mantém-se também contra um apoio à aviação militar ucraniana, por exemplo através do fornecimento de caças F-16.
Contudo, o país aumentou significativamente o seu abastecimento de armamento a Kyiv nos últimos meses, fornecendo em particular, após muita hesitação, tanques do tipo Leopard.
Berlim "é líder no domínio da defesa antiaérea, do apoio à formação e dos veículos de exploração e blindados e é essa a nossa maior prioridade", disse na ocasião Boris Pistorius.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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