"A junta pediu à delegação da CEDEAO para regressar", e os seus membros "estarão provavelmente em Niamey hoje ou amanhã (terça-feira)", disse o primeiro-ministro, cujo governo foi derrubado na sequência do golpe militar.
A delegação da CEDEAO que chegou a Niamey na quinta-feira à noite para encontrar uma saída para a crise partiu algumas horas mais tarde sem se ter encontrado nem com o chefe das forças armadas no poder, o general Abdourahamane Tiani, nem com o Presidente deposto, Mohamed Bazoum.
Hoje, primeiro dia do termo do ultimato dado pela CEDEAO aos militares no poder para restabelecerem a ordem constitucional (meia-noite de domingo em Lisboa), a organização da África Ocidental, que tinha ameaçado recorrer à "força", anunciou que os seus dirigentes se reunirão em Abuja, na Nigéria, na quinta-feira, para uma "cimeira extraordinária".
Na passada sexta-feira, os chefes de estado-maior da CEDEAO definiram os contornos de uma "possível intervenção militar" contra os autores do golpe de Estado, segundo um responsável da organização.
"O nosso objetivo não é a intervenção militar. O nosso objetivo é a restauração da democracia e o fim do sequestro do Presidente Bazoum", afirmou Mahamadou.
O primeiro-ministro afirmou que as condições de vida do Presidente Mohamed Bazoum, detido desde o dia do golpe de Estado de 26 de julho, juntamente com o seu filho e a sua mulher, estão a tornar-se mais difíceis.
"A eletricidade e a água foram cortadas", lamenta."As negociações ainda são possíveis", disse.
Mahamadou disse não ter ficado "surpreendido" com as manifestações de apoio aos militares, afirmando que "para encher o estádio como foi feito, basta fornecer os meios e prometer ajudas de custo aos participantes", referindo-se aos 30.000 apoiantes do golpe de Estado que se reuniram no estádio Seini Kountché, em Niamey, no domingo.
Por fim, segundo Mahamadou, o "sentimento antifrancês" expresso por bandeiras e palavras de ordem hostis à França durante as manifestações a favor dos golpistas em Niamey não passa de "uma manipulação" de "um pequeno grupo de atores da chamada sociedade civil".
"O que esperamos da França é que continue a apoiar o Níger", acrescentou.
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