Níger. Guterres lamenta que "ordem constitucional" não seja restabelecida
O secretário-geral das Nações Unidas lamentou hoje que a "ordem constitucional" ainda não tenha sido restabelecida no Níger pós-golpe de Estado, manifestando "total apoio" ao trabalho da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
© TCHANDROU NITANGA/AFP via Getty Images
Mundo Níger
António Guterres referiu ainda que está preocupado com a detenção do presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum, na sequência do golpe militar.
Através do seu gabinete, Guterres sublinhou também a necessidade urgente de continuar a ser desenvolvido o trabalho humanitário no Níger, solicitando à ONU que seja mantido o envio de ajuda por via aérea.
A delegação da CEDEAO que chegou a Niamey na quinta-feira à noite para encontrar uma saída para a crise partiu algumas horas mais tarde, sem se ter encontrado com o chefe das forças armadas no poder, o general Abdourahamane Tiani, ou com o presidente deposto, Mohamed Bazoum.
Hoje, primeiro dia do termo do ultimato dado pela CEDEAO aos militares no poder para restabelecerem a ordem constitucional (meia-noite de domingo em Lisboa), a organização da África Ocidental, que tinha ameaçado recorrer à "força", anunciou que os seus dirigentes se reunirão em Abuja, na Nigéria, na quinta-feira, para uma "cimeira extraordinária".
Por outro lado, os militares golpistas do Níger pediram à delegação da CEDEAO para regressar a Niamey, de acordo com o primeiro-ministro do Níger, Ouhoumoudou Mahamadou, cujo governo foi derrubado.
Mahamadou acrescentou que os seus membros "estarão provavelmente em Niamey hoje ou amanhã (terça-feira)".
Também hoje, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, referiu que "ainda é possível" por fim ao golpe de Estado no Níger pela via diplomática.
Miller sublinhou também que o uso da força é uma solução de "último recurso" para a CEDEAO, acrescentando que os Estados Unidos estão "focados em encontrar uma solução diplomática".
Os norte-americanos criticaram ainda o envio de uma delegação oficial conjunta a Niamey pelo Mali e Burkina Faso, dois países também governados por militares.
"Se pensássemos que eles estavam a enviar emissários para tentar restaurar as autoridades democráticas e a ordem constitucional, veríamos isso como algo útil, mas duvido muito que seja o caso", apontou Miller.
A junta no poder no Níger, que já advertiu que qualquer ação militar será objeto de "uma resposta imediata e sem aviso prévio" por parte do Exército, reforçou o seu dispositivo militar e ordenou o encerramento do espaço aéreo no domingo.
O golpe de Estado no Níger foi conduzido em 26 de julho pelo autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CLSP).
O Níger tornou-se assim o quarto país da África Ocidental liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burkina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022.
[Notícia atualizada às 21h15]
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