Níger. Prigozhin diz que EUA aceitam autores do golpe para evitar Wagner

O chefe do grupo mercenário russo Wagner disse hoje que os Estados Unidos estão dispostos a reconhecer a junta militar responsável pelo golpe de Estado no Níger, só para evitar a presença de elementos desta organização no país.

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Lusa
08/08/2023 14:29 ‧ 08/08/2023 por Lusa

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Níger

"Os Estados Unidos reconhecem um Governo, que não reconheceram ontem, apenas para evitar encontrar o grupo Wagner no país", afirmou Yevgeny Prigozhin, num áudio difundido nos canais do Telegram associados à organização.

O chefe do grupo Wagner comentava assim a visita da "número dois" do Departamento de Estado norte-americano, Victoria Nuland, ao Níger, onde se encontrou na segunda-feira com vários líderes golpistas, mas não conseguiu fazer progressos significativos no restabelecimento da ordem constitucional.

Durante essas conversações, Nuland colocou em cima da mesa várias fórmulas para restabelecer a ordem democrática no Níger através de uma "solução negociada", mas os líderes golpistas mostraram-se pouco interessados, disse a governante norte-americana numa entrevista telefónica a um grupo de jornalistas em Washington.

Após as reuniões, a diplomata afirmou que "as pessoas que tomaram a decisão" sobre o golpe de Estado no Níger estão bem conscientes dos riscos que o convite do grupo Wagner representa para a sua soberania.

Na semana passada, o Presidente deposto do Níger, Mohamen Bazoum, apelou aos Estados Unidos e a outros países para o ajudarem a restabelecer a ordem constitucional no país.

Num texto publicado no The Washington Post, Bazoum afirmou ainda que "toda a região central do Sahel poderia cair sob a influência russa, através do grupo Wagner, cujo terrorismo brutal foi claramente visto na Ucrânia".

No seu comentário, Prigozhin acrescentou que os elementos do grupo Wagner estão sempre "do lado do bem e da justiça".

"Do lado daqueles que lutam pela sua soberania e pelos seus interesses. Chamem-nos em qualquer altura", disse.

Prigozhin apoiou anteriormente a revolta militar no Níger, embora não tenha aludido ao seu possível papel na conspiração do golpe.

"O que se passou no Níger não é mais do que a luta do povo nigerino contra os colonizadores", afirmou Prigozhin num áudio reproduzido através do Telegram.

Leia Também: Níger. Guterres lamenta que "ordem constitucional" não seja restabelecida

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