"Nos últimos dois anos, as autoridades talibãs negaram às mulheres e raparigas os direitos à educação, ao trabalho, à circulação e à reunião. Os talibãs impuseram uma censura alargada aos meios de comunicação social e ao acesso à informação e aumentaram as detenções de jornalistas e outros críticos", acusou a organização de defesa e promoção dos direitos humanos, com sede em Nova Iorque.
No comunicado, a que a agência Lusa teve acesso, a HRW lamenta que o Afeganistão se tenha tornado uma das "piores crises humanitárias do mundo", com mais de 28 milhões de pessoas -- dois terços da população -- a "necessitar urgentemente de assistência".
As Nações Unidas, segundo o HRW, informaram que quatro milhões de pessoas estão gravemente subnutridas, incluindo 3,2 milhões de crianças com menos de cinco anos.
"As pessoas no Afeganistão estão a viver um pesadelo humanitário e de direitos humanos sob o domínio dos talibãs", disse Fereshta Abbasi, investigadora da Human Rights Watch no Afeganistão.
"Os líderes talibãs têm de rejeitar urgentemente as suas regras e políticas abusivas e a comunidade internacional tem de os responsabilizar pelas crises atuais", acrescentou.
Juntamente com décadas de guerra, fenómenos meteorológicos extremos e desemprego generalizado, as principais causas da insegurança alimentar desde a tomada do poder pelos talibãs têm sido, prossegue a HRW, "as severas restrições aos direitos das mulheres e das raparigas".
"O resultado foi a perda de muitos postos de trabalho, em especial o despedimento de muitas mulheres dos seus empregos e a proibição de as mulheres trabalharem para organizações humanitárias, exceto em áreas limitadas. As mulheres e as raparigas não têm acesso ao ensino secundário e superior", lembrou a organização.
A HRW realçou que, a 24 de dezembro de 2022, os Talibãs anunciaram a proibição de as mulheres trabalharem com todas as organizações não-governamentais locais e internacionais, incluindo a ONU, com exceções para as áreas da saúde, nutrição e educação.
"Esta medida prejudicou gravemente os meios de subsistência das mulheres, uma vez que é impossível determinar se as mulheres estão a receber assistência se não estiverem envolvidas nos processos de distribuição e monitorização. A crise prejudicou desproporcionadamente as mulheres e as raparigas, que já têm mais dificuldade em obter acesso a alimentos, cuidados de saúde e habitação", lamenta a HRW.
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